Policiais do Rio de Janeiro são alvo da Operação Gogue Magogue, deflagrada hoje (30) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, da Corregedoria-Geral da Polícia Militar e de técnicos da Anatel.
Ao todo são seis mandados de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão, contra catorze policiais militares e oito civis. Eles são apontados como integrantes de milícia que atua, especialmente, na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá, na zona oeste da capital. As investigações indicaram prática dos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, e concussão. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão em um imóvel, que seria utilizado como central clandestina de TV a cabo, atividade explorada pelo grupo, chamada popularmente de gatonet.
O 2º sargento Jorge Henrique da Silva, conhecido como Dô, lotado no 22º BPM e Adelmo da Silva Guerini Fernandes, também 2º sargento, mas do 21º BPM, são apontados como líderes da organização criminosa. Os mandados de prisão e de busca e apreensão atingiram o 3º sargento Nielsen da Silva Barbosa; o subtenente Francisco Santos de Melo, o cabo Leonardo de Oliveira Pelussi e o 2º sargento Marcos Paulo Custódio Alves. Esses quatro são lotados no 18º BPM. Outros oito policiais militares, que eram lotados no 18º BPM, foram alvos de mandados de busca e apreensão. Eles foram flagrados em conversas suspeitas com integrantes da organização criminosa.
As ações de busca e apreensão de hoje foram realizadas nos 5º, 14º, 18º, 21º e 22º Batalhões, além da 1ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), da comunidade Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio.
O MPRJ informou que na mesma operação, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão contra oito civis denunciados por participação na organização criminosa. Moisés Ubiratan Lopes Peres; Luís César Lima Napoli, conhecido como PC; Antônio Marcos Santos Silva, o Marquinho, atualmente foragido da Justiça; Marilena Nascimento Faria; Carlos Renato Nascimento Faria, o Renatinho; Cristiano Pereira Gomes; Ygor Rodrigues Santos da Cruz e Kleber Farias de Oliveira Carneiro. De acordo com a denúncia, eles eram responsáveis por atividades como gerenciamento dos pontos de mototáxi, repasse de propinas aos policiais dos 18º e 31º Batalhões e emissão de alertas sobre operações policiais na região. Faziam ainda toda a manutenção técnica e cobrança pelos serviços clandestinos de a cabo, internet e comercialização de cigarros ilegais.
O MPRJ informou que além da exploração e comercialização de sinais clandestinos de televisão a cabo, a organização criminosa fazia venda de cigarros ilegais e exploração ilícita de pontos de mototáxi. A apuração indicou que os PMs recebem propinas para fornecerem informações privilegiadas sobre operações policiais na região, e com isso, garantir a livre circulação dos mototaxistas do bando nas áreas de fiscalização do 18º BPM (Jacarepaguá) e 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), os dois na zona oeste. Os policiais faziam vista grossa para as irregularidades de trânsito eventualmente praticadas pelos mototaxistas.
Conforme o MPRJ, a organização praticava violência e ameaças contra aqueles que, de alguma forma, atrapalham seus interesses. Mototaxistas que não aceitavam pagar taxas impostas pelos milicianos, de acordo com ligações telefônicas interceptadas, eram banidos da região, ameaçados, agredidos fisicamente, ou tinham suas motocicletas confiscadas.
Na denúncia, o MPRJ indica a existência de indícios da prática de invasão de propriedade, grilagem de terras, exploração sexual de menores e lesões corporais contra membros da própria organização criminosa que cometessem erros ou desobedecessem a ordens de superiores. Por diversas vezes, o grupo usou armas de fogo em sua atuação, e ainda tiveram a participação de funcionários públicos, principalmente policiais militares, que se aproveitaram da condição para facilitar as práticas criminosas do bando.
Os mandados da Operação desta quinta-feira foram expedidos pela Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro, no caso dos policiais militares, e pela 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital, no caso dos denunciados civis.
Fonte: Agência Brasil