O serviço inicial de atendimento a ocorrências de urgência e emergência do Samu 192, da Prefeitura de Manaus, realizado por meio de motocicletas – as “motolâncias” – voltou a atender nesta quarta-feira, 1/7. O atendimento foi suspenso durante a fase mais rigorosa do isolamento social, quando houve uma redução no número de acidentes de trânsito e os atendimentos aos chamados estavam sendo feitos apenas pelas equipes das Unidades de Suporte Básico (USBs) e as de Suporte Avançado (USAs), de acordo com os parâmetros de proteção individual.
“Aproveitamos esse período em que as motolâncias estiveram fora de operação para fazer a revisão e ajustes necessários, inclusive na identificação, e na envelopagem das motocicletas. São 14 veículos que já voltaram a rodar na manhã desta quarta-feira, para fazer os atendimentos prévios, agilizando os trabalhos de socorro imediato das vítimas, conforme orienta o prefeito Arthur Virgílio Neto”, informa o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi.
As motolâncias foram instituídas pelo governo federal em 2008 e são usadas para intervenções nos acionamentos de ambulâncias, considerando que a motocicleta desenvolve melhor velocidade e conta com a agilidade necessária no trânsito, para chegar antes da viatura ao local onde se encontra o paciente. Em situações como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, dentre outras tantas, as motolâncias são enviadas como forma de assegurar a chegada do socorro no menor tempo resposta possível.
O serviço também facilita o atendimento em locais de difícil acesso a veículos de urgência como as ambulâncias, em razão de características geográficas, condições da malha viária.
“As motolâncias são importantes porque fazem o atendimento imediato da vítima, dependendo da situação na qual ela se encontre, seja em acidente de trânsito, acidente doméstico, um infarto, por exemplo, o profissional já pode prestar o socorro necessário, até a chegada da ambulância, garantindo a sobrevida desse paciente”, destaca Helen Palmeira, coordenadora dos serviços de motolâncias.
Os profissionais designados para esse serviço são técnicos de enfermagem capacitados, habilitados para pilotar motocicletas, que passam por treinamentos na Polícia do Exército e no Núcleo de Educação Permanente do Samu 192 Manaus.
Nas motolâncias há um baú acoplado com todo o material necessário aos primeiros-socorros, incluindo um DEA (Desfibrilador Automático Externo), aparelho eletrônico portátil que diagnostica automaticamente as, potencialmente letais, arritmias cardíacas de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular em uma pessoa.
O técnico em enfermagem Alexandre da Silva Andrade, 38, casado, pai de um filho, fez parte da primeira turma de condutores de motolâncias. Ele ingressou no Samu 192 Manaus em 2006. Em 2009, quando o serviço foi implantado na Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), ele realizou o curso no Batalhão da Polícia do Exército. “Foi uma experiência excelente poder integrar um serviço novo, até então desconhecido da maioria das pessoas, mas de uma importância enorme. Um trabalho de grande responsabilidade, ser a primeira pessoa a chegar em atendimentos de urgência e emergência sabendo que podemos salvar uma vida”, conta.
Segundo ele, o tempo em que trabalhou nessa função, profissionalmente, representou crescimento porque na época, os condutores de motolâncias atuavam sozinhos (atualmente fazem esse atendimento em duplas).
Alexandre relata que chegou a sentir medo durante atendimento a uma moradora de rua, na avenida 7 de Setembro, no Centro. “Ela havia sido atropelada por um caminhão e teve metade do corpo, da cintura para baixo, esmagada. Um quadro horrível, mas ela estava lúcida, pedindo socorro. Por um momento fiquei sem saber o que fazer. Realizei um primeiro atendimento e esperamos a ambulância chegar. Não havia muito o que pudesse ser resolvido naquela hora. Quando a unidade chegou, foi feita a remoção para um pronto-socorro, mas infelizmente ela não resistiu. Esse foi o impacto maior que senti”, lembra o técnico.
As motolâncias ficarão nas bases Norte, Sul, Leste, Oeste e Santa Etelvina, sendo dois veículos em cada, com 25 servidores cobrindo plantão diurno de 12 horas.