Assembleia Legislativa ouve, nesta segunda (8), comunidade científica sobre o retorno das atividades presenciais no AM

A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) realiza nesta segunda-feira (8), às 10h, uma Audiência Pública Virtual, proposta pelo deputado Josué Neto (PRTB), para ouvir a comunidade científica sobre o retorno das atividades presenciais durante o fim da quarentena e pico da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Estado.

A audiência será transmitida pelas redes sociais da Assembleia Legislativa do Amazonas a partir das 10h.

De acordo com Josué, a Audiência tem o objetivo de ouvir médicos, pesquisadores, cientistas, além de infectologistas sobre os perigos desse relaxamento da quarentena e isolamento social. Ele explicou que assim como outras instituições estaduais o Parlamento ainda não retornou as atividades presenciais e vai aguardar o resultado da reunião desta segunda-feira.

O diretor de Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas, médico Arnoldo Andrade, vê com preocupação a reabertura do comércio e destaca que o retorno das atividades na sociedade amazonense precisa ser gradual.

“O mundo científico tem mostrado essa grande preocupação e o caminho a ser seguido é através do conhecimento científico. Ele nos diz que é importante o isolamento social, nos fala dos mecanismos de prevenção, hábitos precisam ser mudados, os comerciantes tem que preparar recepção em suas lojas, obdecendo o distanciamento social, oferecendo higienização, tanto interna na loja, quanto para as pessoas que ali vão frenquentar. Então tudo isso tem que ser bem divulgado através de campanhas, pois o mundo científico defende essa tese”, afirma Andrade.

Para o professor e cientista Lucas Ferrante, a reabertura representa um novo risco e vai forçar Manaus a fechar de uma maneira muito mais severa e por muito mais tempo do que se medidas de isolamento social fossem continuadas agora.

“Como cientista me baseio nos dados e nas nossas análises. A metologia que utilizamos é muito confiável, então, me sinto bem seguro e afirmar o que vai acontecer: Nós com certeza teremos um pico de mortes que será o dobro do que já tivemos, e isso sendo cauteloso e se baseando no cenário mais otimista. Nós temos um delay (sinal atrasado) em relação ao afrouxamento do isolamento e as mortes, que são de 19 dias. Nós já vínhamos afrouxando o isolamento e o número de impactados já estava subindo. No final de semana nos bairros muita coisa já estava aberta, incluindo igrejas e ninguém seguiu as recomendações. Em 20 dias teremos outro caos e no mês que vem isso vai explodir com força. Um novo colapso de saúde e com toda certeza muito maior. Nós tínhamos apenas de 10% a 15% no máximo de pessoas infectadas em Manaus, e já foi suficiente para o colapso de saúde. Agora teremos que lidar com o dobro ou o triplo disso, mais os casos do interior”, explicou Ferrante.

Números
O Amazonas diagnosticou 1.193 casos do novo coronavírus, na última sexta-feira (5), totalizando 47.666 casos confirmados no estado, segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

Estudos
Dados da Universidade Johns Hopkins revelam que, nos cinco países com mais vítimas pela doença (Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha), os governos vão esperar ou esperaram, em média, 44 dias para autorizar o relaxamento da quarentena.

Segundo o estudo, a maioria dos países tiveram o pico de coronavírus entre 21 de março a 10 de abril, no entanto, somente nas semanas seguintes foi autorizada a abertura de igrejas, academias e salões de beleza. Restaurantes e bares foram reabertos, mas só poderão voltar a servir nas mesas na quinzena de junho.