Dólar fecha com pequena queda depois de intervenção do BC

Dólar fecha com pequena queda depois de intervenção do BC

Depois de uma atuação de última hora do Banco Central (BC), o dólar comercial fechou com pequena queda em uma sessão marcada pela volatilidade. A moeda americana encerrou esta segunda-feira (27) vendida a R$ 5,663, com queda de apenas R$ 0,005 (-0,07%). Na sexta-feira (24), a cotação tinha fechado em R$ 5,668, no maior valor nominal – sem considerar a inflação – desde a criação do real.

A queda do dólar não se refletiu em outras moedas. O euro comercial foi vendido a R$ 6,127, com alta de 1,24%. A libra esterlina comercial fechou a R$ 7,02, superando a barreira de R$ 7 pela primeira vez na história.

A divisa acumula alta de 41,14% em 2020. O dólar oscilou bastante. De manhã, operou em queda, depois que o presidente Jair Bolsonaro deu seu aval ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e assegurou a continuidade deste na pasta. A cotação, no entanto, passou a subir no início da tarde, chegando a registrar R$ 5,72 na máxima do dia, por volta das 16h.

A divisa só reverteu a tendência e passou a cair depois que o BC entrou no mercado, leiloando contratos novos de swap cambial – equivalentes à venda de dólares no mercado futuro – nos minutos finais de negociação. Hoje, a autoridade monetária vendeu US$ 600 milhões das reservas internacionais no mercado à vista e fez outro leilão de swap cambial, ainda de manhã. O BC ofereceu até US$ 1,5 bilhão em swaps durante todo o dia, mas o resultado dos dois leilões no mercado futuro não foi divulgado.

Bolsa

As tensões no mercado de câmbio não se repetiram no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, a bolsa de valores brasileira, fechou aos 78.239 pontos, com alta de 3,86%. Na sexta-feira, o indicador tinha caído 5,45% depois do anúncio da demissão do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. A bolsa brasileira também seguiu o mercado externo. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com ganhos de 1,51%.

Além da renúncia de Moro e das tensões políticas no Brasil, o mercado está sendo influenciado pela perspectiva de queda dos juros. Na última quarta-feira (22), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o cenário para a Selic (taxa básica de juros) mudou depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Juros mais baixos tornam menos atrativos os investimentos em países emergentes, como o Brasil, estimulando a retirada de capitais por estrangeiros. As tensões políticas internas também interferiram no mercado.

Coronavírus

Há várias semanas, mercados financeiros em todo o planeta atravessam um período de nervosismo por causa da recessão global provocada pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus. As interrupções na atividade econômica associadas à restrição de atividades sociais travam a produção e o consumo, provocando instabilidades.

Hoje, o boletim Focus, pesquisa do BC com instituições financeiras, revelou que os analistas de mercado aumentaram para 3,34% a projeção de queda da economia brasileira para este ano.

Petróleo

Os preços internacionais do petróleo, que haviam se recuperado nos últimos dias, voltaram a cair hoje. Por volta das 18h, o barril do tipo Brent era vendido a US$ 19,91, com recuo de 7,14%. Esse barril serve de referência para o mercado internacional de petróleo, sendo usado nas projeções da Petrobras.

O desempenho do mercado internacional, no entanto, não se refletiu nas ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa. Beneficiados pela recuperação do Ibovespa, os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) valorizaram-se 4,54% nesta segunda. Os papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) tiveram ganho de 3,13%.

A guerra de preços de petróleo começou há quase dois meses, quando Arábia Saudita e Rússia aumentaram a produção, mesmo com os preços em queda. Segundo a Petrobras, a extração do petróleo só é viável no longo prazo para cotações a partir de US$ 45. No curto prazo, a companhia pode extrair petróleo a US$ 19, no limite dos custos da empresa.

Fonte: Agência Brasil