A redução de passageiros no sistema metroferroviário do país, por causa da pandemia de coronavírus, provocou um déficit de R$ 933 milhões na receita tarifária de metrôs, trens urbanos e Veículo Leve sobre Trilhos. A conclusão é de estudo feito pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que analisou o período a partir de 16 de março e o mesmo período de 2019.
Em março do ano passado, os sistemas metroviários transportaram 250 milhões de passageiros. Em março deste ano, o número caiu para 98 milhões, informou o presidente do Conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, à Agência Brasil.
Para abril, a projeção é que sejam transportadas apenas 50 milhões de pessoas. “Quer dizer, 79% a 80% a menos do que normalmente transportamos. O impacto é direto na receita”. O cenário deverá se repetir no mês de maio.
Segundo Flores, as operadoras têm características diferentes. “Algumas são estatais e dependem de subsídio do próprio Estado, o que vai necessitar de um incremento grande de recursos, em uma hora difícil. Outras são privadas, desoneraram bastante o Estado, mas vão precisar de capital de giro. Essa é a maior preocupação neste momento”, disse.
Negociações
A ANPTrilhos está em articulação com diversos órgãos do governo para ver se consegue reduzir a perda. De acordo com Flores, isso gera um desequilíbrio no contrato para as operadoras privadas, que terá de ser tratado no futuro. Agora, o que importa é manter a operação e o atendimento à população, afirmou.
“Até porque é um serviço essencial e hoje ele é mais importante por transportar pessoas de outros serviços essenciais: segurança, saúde, quem trabalha com alimentação e mercado.”
Já foram feitas reuniões com os ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, que serão os possíveis financiadores.
A ideia é buscar um mecanismo de financiar capital de giro nos meses de crise, para que a situação possa ser retomada depois.
Flores disse ter encontrado receptividade dos ministérios, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal. “Eles entenderam que é um serviço essencial e que não pode correr risco de paralisação.”
Os bancos, segundo ele, estão dispostos a ajudar na compensação do desequilíbrio causado pela pandemia.
Com o BNDES, em particular, Flores disse que já foram realizadas duas reuniões e que algumas operadoras já estão negociando diretamente com o banco desde a última segunda-feira (13).
Custo
De acordo com a associação, as empresas e seus empregados têm feito um esforço muito grande para permitir que as pessoas fiquem em casa.
No caso específico da operação metroferroviária, a dificuldade é o custo feito para operar um trem, resultante da soma de mão de obra, energia e manutenção. “Você não consegue fugir desse tripé e, mesmo oferecendo uma grade reduzida, o seu custo fixo é alto e, sem a receita, fica mais difícil manter”.
Como se trata de um serviço público essencial, a preocupação é que ele seja mantido e consiga suporte financeiro para se manter no período de pandemia e não ter prejuízo, além de manter a qualidade e a segurança do serviço.
Para o presidente da associação, é muito difícil prever quando o transporte regular será retomado. “As pessoas não vão voltar no dia seguinte, nem terão o mesmo comportamento de antes, até porque, é muito provável que a economia não volte a funcionar 100%.”
Fonte: Agência Brasil