O juiz da Vara Criminal do município paraense de Redenção, Haroldo Silva da Fonseca, decretou hoje (10) a prisão temporário de 11 policiais militares e dois policiais civis acusados de participar da chacina que resultou na morte de dez posseiros – nove homens e uma mulher – durante uma ação de reintegração de posse em um acampamento na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau d’Arco, no sudeste do estado. A ação ocorreu no dia 24 de junho, com a participação de 29 policiais, sendo 21 militares e oito civis.
No início da tarde, um avião da Polícia Federal decolou de Redenção para Belém com nove dos 13 presos. Os demais policiais que tiveram a prisão decretada hoje já estavam na capital paraense. Pela decisão, eles deverão ficar recolhidos em quartel ou prisão especial, conforme determina o Código de Processo Penal.
Foram presos hoje o coronel da Polícia Militar Carlos Kened Gonçalves de Souza, o tenente Rômulo Neves de Azevedo, o cabo Cristiano Fernando da Silva, o 2º sargento Advone Vitorino da Silva, o 3º sargento Orlando Cunha de Sousa, o sargento Ronaldo Silva Lima, o cabo Ricardo Moreira da Costa Dutra e os soldados Rodrigo Matias de Souza, Jonatas Pereira e Silva, Neuily Sousa da Silva e Welington da Silva Lira. Também foram presos o escrivão da Polícia Civil Douglas Eduardo da Silva Luz e o investigador Euclides da Silva Lima Junior.
Até o momento, a reportagem da Agência Brasil não conseguiu contato com as defesas dos policiais presos.
Proteção
Em nota, a organização não governamental de direitos humanos Justiça Global considerou as prisões como “um passo importante” para as investigações e a identificação dos mandantes da chacina. No documento, a organização manifestou ainda preocupação com a segurança trabalhadores rurais da região após a “maior prisão na história” dos conflitos do campo.
“Neste momento delicado do caso, é necessário que o governo do Pará e o governo federal atuem de forma contundente para garantir a segurança dos trabalhadores rurais. A prisão dos acusados certamente aumentará a tensão na região, o que pode gerar ainda mais mortes. Para evitar que isso aconteça, o Estado tem a obrigação de garantir a proteção dos camponeses, familiares das vítimas e de todas e todos aqueles que estão cobrando Justiça”, diz trecho da nota divulgada pela Justiça Globa.
Reconstituição
Após seis dias, terminou ontem (9) a reconstituição da chacina de Pau D’Arco feita por peritos da Polícia Federal e do Instituto de Criminalística do Pará. Ao todo, 60 atores participam da reconstituição. Sobreviventes disseram que os trabalhadores rurais foram executados, já os policiais que participaram da ação relataram que houve confronto.
Fonte: Agência Brasil