Quando Tite foi anunciado como novo treinador da seleção brasileira em 2016, um nome despertou atenção: Matheus Bacchi. Filho do comandante, o auxiliar técnico e tecnológico da equipe nacional precisou superar uma série de dúvidas levantadas pela torcida por conta justamente de trabalhar com o pai; para que, assim, pudesse mostrar a sua real importância na arrancada do Brasil, que, com oito vitórias seguidas, já garantiu vaga na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Aos 28 anos, ele explicou a rotina diária:
— Meu dia a dia fora dos períodos de convocações é na CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Temos a rotina diária de trabalho, onde faço análise de adversários e de atletas convocáveis, além de estudar comportamentos táticos das equipes do Brasil e do mundo. Também analiso o nosso desempenho nas últimas partidas e viajo para ver jogos e treinos de jogadores que podem ser convocados, no Brasil e no mundo.
Ser filho de alguém com diversas conquistas como Tite pesa quando o assunto é o futuro. Com o sonho de também ser treinador, Matheus Bacchi espera, aos poucos, trilhar os seus próprios passos.
— É muito difícil almejar seguir os passos de alguém tão vitorioso, competente e completo. O que eu tenho como objetivo, sim, é ser técnico de futebol, seguindo o meu caminho. Tenho a consciência que sempre vou levar comigo a bagagem de ter um pai que é referência mundial na profissão.
Engana-se, porém, quem pensa que ele está na seleção apenas pela questão familiar. Para chegar ao cargo que ocupa, precisou provar para o próprio pai que estava pronto. O primeiro trabalho como auxiliar foi no Caxias, em 2015. O clube do interior do Rio Grande do Sul é emblemático para o atual técnico do Brasil, já que foi lá que conquistou o seu primeiro título de expressão à beira do gramado. Na ocasião, venceu o Grêmio na finalíssima do Campeonato Gaúcho de 2000, dentro do estádio Olímpico, em Porto Alegre.
Do Caxias, onde permaneceu durante o campeonato estadual, foi para a Europa para aperfeiçoar os conhecimentos no Barcelona. Lá, permaneceu por uma semana, antes de voltar ao Brasil e seguir o seu trabalho como auxiliar no Corinthians, que era treinado por seu pai. Após isso, se tornou peça fundamental na comissão técnica do comandante.
— Fiz curso de ‘coaching’ no Brasil e estágios no Shakhtar Donetsk, Inter de Milão, Barcelona e Flamengo. Hoje continuo estudando cada vez mais, independente de onde estou, sei que sempre preciso buscar conhecimento profissional e pessoal.
Antes de se tornar auxiliar técnico e tecnológico, Matheus Bacchi ainda sonhava em ser jogador de futebol, como Tite. Com a dificuldade de estudar e jogar ao mesmo tempo no Brasil, fez intercâmbio nos Estados Unidos e se formou em Ciência do Exercício na Carson Newman University.
— Sempre ouvi do meu pai que precisava me qualificar se um dia quisesse trabalhar no futebol. Então procurava conciliar estudo e futebol quando ainda jogava no Rio Grande do Sul. Acabei indo para os Estados Unidos para conseguir conciliar porque já não estava conseguindo isso no Brasil. Essa experiência me acrescentou muito, tanto dentro quanto fora de campo, na questão técnica e tática do futebol. Por estar convivendo com muitos atletas e treinadores de diferentes locais do mundo, cada um tem uma ideia e visão distinta.
— Aprendi muito com os europeus a jogar em linha de quatro, as coberturas, áreas de ação. Mecanismos de sistemas táticos que até então no Brasil não eram muito utilizados, o que com certeza me deu uma segurança maior ao retornar pro País.
Ele ainda contou que tanto seu pai quanto sua mãe, Rose, o apoiaram.
— Meus pais me apoiaram muito. Eu trocava muitas ideias com meu pai sobre o que eu aprendia com essas diferentes culturas e ideias de ver futebol.
Com o intercâmbio para os Estados Unidos cada vez mais comum no Brasil, Matheus Bacchi vê a possibilidade de estudar e treinar como determinante para a ida.
— Acredito que muitos jovens brasileiros veem a chance de continuar estudando e praticar um esporte em bom nível de competitividade e por isso acabam optando pelo intercâmbio. No Brasil fica difícil, pois muitos destes jovens não conseguem conciliar.
Fonte: Estadão Conteúdo