O cuidado integral da saúde dos recém-nascidos é essencial para o adequado crescimento e desenvolvimento das crianças. Para garantir esse cuidado, uma das estratégias executadas pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), inclui assegurar a realização de consulta ainda na primeira semana de vida da criança.
A consulta deve ocorrer na Unidade Básica de Saúde (UBS), podendo ser realizada durante a visita domiciliar pelo médico ou enfermeiro, juntamente com o Agente Comunitário de Saúde (ACS).
A técnica do Núcleo de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente da Semsa, enfermeira Ivone Amazonas, explica que a consulta na primeira semana de vida da criança é um momento crucial para orientar a família sobre os desafios diários no cuidado com o bebê. Esse encontro envolve questões como o aleitamento materno, a vacinação e a triagem neonatal com a realização do teste do pezinho, para os casos em que o bebê não tenha realizado durante a alta da maternidade.
“Quando a mãe tem alta na maternidade, a Semsa trabalha com um sistema que lança em planilha o registro da alta. A Atenção Primária recebe esse registro e, de acordo com o território de residência da mãe, a Unidade de Saúde já fica aguardando para realizar a consulta. Se a família não procura o atendimento em até sete dias, a equipe de saúde entra em contato por telefone ou faz a busca dessa criança para a consulta”, informa Ivone Amazonas.
Durante a consulta na primeira semana, Ivone Amazonas destaca que são reforçadas as orientações da Caderneta da Criança, com o profissional de saúde verificando possíveis sinais de risco para a saúde da criança, se há algum tipo de dificuldade no momento da amamentação, sinais de icterícia ou alteração respiratória, e a higienização do coto umbilical.
“O cordão umbilical é cortado logo após o nascimento, mas sempre fica o resquício que deve cair até o 15º dia de vida. Nesse período, é fundamental fazer a higienização na base dele, bem próxima da pele. O umbigo deve ser observado com cuidado, lavar apenas com água e sabão, não deixar coberto e secar naturalmente até começar a escurecer, secar totalmente e cair. Nunca usar outros produtos como andiroba ou outros óleos”, alerta Ivone Amazonas.
No momento da primeira consulta, também é feito o agendamento das demais consultas de puericultura para continuar o acompanhamento da criança. A orientação é que sejam realizadas nove consultas até os dois anos de vida, focadas na prevenção de doenças, mas o médico ou enfermeiro pode agendar mais consultas caso seja necessário.
Em relação à troca de fraldas, a orientação para pais e cuidadores é trocar imediatamente sempre que a criança evacuar e em cada xixi, e lavar a criança com água e sabão. “No caso da menina, é necessário ter um cuidado diferenciado com a limpeza, que tem sempre que ser de frente para trás. Isso vai evitar que bactérias atinjam o trato urinário da criança, podendo causar infecções”, explicou Ivone.
Outro ponto para a mãe ter atenção é sobre a preocupação do aleitamento materno ser suficiente para sustentar o recém-nascido. De acordo com Ivone Amazonas, as mães muitas vezes têm essa preocupação porque até o sétimo dia após o parto há apenas a liberação do colostro, que tem uma aparência de um leite transparente, mais fino, o que leva algumas pessoas a pensarem que o leite é fraco, mas, na verdade, ele é rico em anticorpos e proteínas essenciais para a imunidade e desenvolvimento saudável do bebê.
“O colostro liberado também é proporcional ao tamanho do estômago do bebê, que nos primeiros dias de vida só alcança de dois a cinco milímetros de volume. O estômago da criança quando nasce é do tamanho de uma cereja, com um mês chega ao tamanho de um ovo. Então, o leite materno vai sendo produzido de acordo com a capacidade que o bebê alcança a cada dia de vida”, afirma Ivone Amazonas.
Imunização
Para o recém-nascido, a enfermeira aponta que, preferencialmente ainda na maternidade, a criança deve receber a vacina BCG, que protege contra as formas graves da tuberculose, e também a vacina contra hepatite B.
“A criança tem risco de contrair as duas doenças nas primeiras semanas de vida e, nesses casos, o organismo dela não suporta, levando ao óbito. Por conta disso, a primeira coisa que a equipe de saúde deve observar nas consultas é o cartão de vacina da criança. Depois o bebê deve seguir com os outros imunizantes do calendário de vacinação”, afirma Ivone.
No cuidado para a saúde da criança, também é necessário ter atenção no momento do banho. O principal, segundo Ivone Amazonas, é quebrar a frieza da água e fechar janelas para evitar correntes de ar.
“O recém-nascido tem uma fragilidade grande para hipotermia e por isso é preciso ter esses cuidados. Durante a limpeza, devem ter preocupação com as áreas sensíveis como olhos, boca, nariz e ouvido. Quando terminar o banho, secar bem e não demorar a vestir o bebê”, orienta Ivone.
Recomendações
Para garantir o desenvolvimento saudável do recém-nascido, ainda na maternidade, as recomendações incluem a realização do teste do pezinho, o teste do olhinho, teste do coraçãozinho e teste da linguinha, que servem para verificar se existem síndromes, doenças congênitas ou alguma outra ameaça. E o bebê tem direito de sair com a Caderneta da Criança com todos os cuidados do nascimento registrados.
Em relação às visitas aos bebês, os profissionais de saúde geralmente não recomendam a visitação no primeiro mês de vida. Porém, se for receber alguém, é importante verificar se a pessoa está saudável e pedir que seja uma visita breve, e jamais beijar nas mãos e rosto do bebê. É fundamental que todos lavem as mãos antes de tocarem na criança e essa regra vale também para os pais.
Outra orientação é ter atenção aos ambientes, mantendo o quarto da criança arejado e sem correntes de ar, evitar locais fechados e aglomerados de pessoas, evitar o contato com fumaça de cigarro ou outros poluentes, evitar produtos de limpeza com cheiro forte e manter a casa limpa e silenciosa.
Nos cuidados com a alimentação, a orientação é colocar o bebê para mamar com frequência para estimular o seio. O leite materno deve ser exclusivo até o 6º mês e, a partir daí, introduzir alimentação complementar saudável. Em caso de qualquer dificuldade quanto à pega e posição para mama, deve-se procurar uma unidade de saúde. Também não se deve administrar chás ou medicamentos sem orientação médica.
Foto: Divulgação/Semsa