“…as indústrias estão investindo em medidas preventivas, como a implementação de tecnologias de rastreamento, monitoramento em tempo real e treinamento para lidar com situações de risco. Além disso, o diálogo contínuo com as autoridades de segurança pública tem sido crucial para mantermos as operações viáveis e seguras. ”Bate papo com Nelson Azevedo sobre as ações de prevenção, segurança e dos cuidados sociais da parceria entre a indústria e a Polícia Militar do Amazonas
1. Nos últimos meses, o Programa Rota Segura tem se destacado na prevenção de roubos a rotas industriais. Quais foram os marcos mais importantes desse projeto?
Nelson Azevedo – Nós avançamos bastante, e posso citar alguns marcos significativos, como a criação da Coordenadoria de Segurança Pública da FIEAM – sob coordenação do Orlando Auzier, a estruturação da Delegacia Especializada em Roubos a Rotas e Coletivos (NURRC), e a interlocução direta com a Operação Rota Segura da Polícia Militar e da SSP-AM. Esses esforços conjuntos resultaram em mandados de prisão cumpridos e no desenvolvimento de tecnologia para rastreamento e monitoramento dos veículos, o que tem impactado diretamente na redução das ocorrências.
2. Sabemos que a tecnologia tem desempenhado um papel crucial no combate ao crime. Como o setor industrial tem integrado essas soluções em suas operações de segurança?
Nelson Azevedo – A tecnologia está no coração das nossas ações. Uma de nossas iniciativas foi a instalação de câmeras de segurança no interior dos ônibus, o botão de pânico, e os adesivos de advertência na parte externa, avisando que os ônibus são monitorados à distância, facilitando o rastreamento em tempo real. Além disso, estamos constantemente buscando novas formas de utilizar a tecnologia em parceria com as forças de segurança, para aprimorar a prevenção e a repressão ao crime.
3. Além das ações de combate ao crime, há um componente social significativo no Programa Rota Segura. Qual é o foco dessas iniciativas sociais?
Nelson Azevedo – Agora, estamos voltando nossos esforços para o âmbito social do programa. Em parceria com o Programa Formando Cidadão da Polícia Militar do Amazonas, estamos oferecendo aos jovens a oportunidade de mudar suas realidades sociais. Eles terão acesso a programas de menor aprendiz, estágios e trainee nas indústrias locais. Nosso objetivo é trazê-los para o lado da formação profissional antes que o crime os atraia. Isso exige o envolvimento ativo dos departamentos de RH das indústrias, mas acreditamos que esse impacto social contribuirá diretamente para a segurança pública a longo prazo.
4. O setor industrial tem mostrado grande empenho em colaborar com o poder público para reduzir os índices de criminalidade. Como você vê a importância dessa parceria?
Nelson Azevedo – A colaboração entre o setor privado e o poder público é fundamental. Sob a liderança do Diretor Adjunto da FIEAM Orlando Auzier, e outros parceiros da indústria, conseguimos coordenar iniciativas que têm dado resultados concretos, como a redução dos roubos de rotas. Esse tipo de parceria estratégica fortalece tanto a segurança quanto o ambiente de negócios, criando um círculo virtuoso de desenvolvimento para a região.
5. Nesta semana, o projeto “Recupera Fone” foi lançado em parceria com a SSP-AM. Qual a importância desse projeto para o setor industrial?
Nelson Azevedo – O “Recupera Fone” é um exemplo claro de como estamos pensando nas necessidades dos trabalhadores. Trata-se de uma iniciativa da secretaria de segurança pública do Piauí, e que vai dar bons resultados. O roubo de celulares afeta diretamente os 130 mil colaboradores e mais de 500 empresas no Polo Industrial de Manaus. A criação desse núcleo de investigação centralizado é uma resposta eficiente a um problema recorrente, e estamos muito satisfeitos com os resultados que já estamos vendo. Com essa medida, oferecemos mais segurança para quem trabalha e circula na região.
6. Quais são as expectativas para o futuro do Programa Rota Segura e outras iniciativas similares?
Nelson Azevedo – Estamos muito otimistas com os resultados alcançados até agora, mas sabemos que o trabalho não termina aqui. Nosso foco continuará sendo a expansão das iniciativas de segurança e o fortalecimento das ações sociais. Acreditamos que, com o apoio contínuo do setor industrial, do poder público e da tecnologia, poderemos criar um ambiente mais seguro e promissor para todos os envolvidos.
7. Mas o relatório de Inteligência da Polícia mostra um aumento significativo nas ocorrências de assaltos às rotas das indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM). Quais são as principais ações tomadas para lidar com esse aumento e quais têm sido os resultados até agora?
Nelson Azevedo – De fato, enfrentamos um aumento de 67% nas ocorrências de assaltos nas rotas do PIM entre 2023 e 2024. Em resposta, a FIEAM criou a Coordenação de Segurança Pública (Cseg), exclusiva para tratar desse tipo de ocorrência. Além disso, como já destaquei, o uso de tecnologias como o programa Celular Seguro, que ajuda na identificação de aparelhos roubados, também foi implementado. Essas ações já estão surtindo efeito, como a intensificação da parceria com o alto comando da Polícia Militar e Civil, e o cumprimento de mandados de prisão relacionados aos crimes.
8. O mapeamento das áreas mais críticas de Manaus foi uma iniciativa importante nos últimos anos. Como a parceria com grandes empresas tem contribuído para melhorar a segurança nas rotas?
Nelson Azevedo – Uma grande empresa do PIM foi uma das primeiras a mobilizar as entidades da indústria e tomar medidas proativas, mapeando as áreas mais críticas e implementando escoltas armadas nas rotas, além de GPS em 100% dos veículos. Recentemente, a integração de câmeras de segurança nos ônibus, especialmente nas rotas que passam por essas áreas críticas, também ajudou a reduzir os incidentes. Essa parceria poder público e setor produtivo é fundamental, pois mostra como a colaboração pode gerar soluções de segurança eficazes, resguardando a vida das pessoas e a ordem que o progresso exige.
9. Sabemos que 87% das ocorrências de assaltos acontecem entre as 05:00 e 05:59 da manhã. Como o setor industrial tem ajustado suas operações para lidar com essa realidade?
Nelson Azevedo – Esse dado é alarmante, e temos ajustado nossas operações com base nele. Algumas empresas já implementaram mudanças nos horários das rotas para evitar esse período mais crítico. Além disso, o reforço na escolta armada e a intensificação das ações de monitoramento via GPS, têm sido fundamentais para oferecer mais segurança aos nossos colaboradores.
10. O impacto dos assaltos às rotas não é sentido apenas pelos trabalhadores, mas também pelas empresas. Como o setor industrial está lidando com os custos e prejuízos decorrentes dessas ocorrências?
Nelson Azevedo – Os prejuízos são significativos, tanto em termos de perdas financeiras quanto em impactos psicológicos nos colaboradores. Por isso, as indústrias estão investindo em medidas preventivas, como a implementação de tecnologias de rastreamento, monitoramento em tempo real e treinamento para lidar com situações de risco. Além disso, o diálogo contínuo com as autoridades de segurança pública tem sido crucial para mantermos as operações viáveis e seguras.
11. O Programa Rota Segura é apenas uma parte das iniciativas de segurança para o Polo Industrial de Manaus. Quais são os próximos passos para ampliar essas ações e garantir maior proteção para os trabalhadores?
Nelson Azevedo – Estamos trabalhando para expandir o uso de tecnologias e reforçar a segurança em áreas críticas. O próximo passo envolve intensificar a parceria com a SSP-AM e outras autoridades, além de continuar investindo em ações sociais, como a inclusão de jovens aprendizes, para que possamos atacar o problema da criminalidade em várias frentes. A meta é reduzir ainda mais os índices de assaltos e oferecer um ambiente de trabalho mais seguro para todos.
12. Para finalizar, como as empresas do Polo Industrial de Manaus podem se engajar mais nessas iniciativas?
Nelson Azevedo – As empresas têm um papel crucial nesse processo, especialmente no que tange à integração dos jovens aprendizes e estagiários. O engajamento dos setores de RH é essencial para concretizarmos as ações sociais propostas, que visam não só formar futuros profissionais, mas também oferecer uma alternativa real e positiva à criminalidade. Precisamos de todos juntos para transformar esse projeto em algo que vá além da segurança, alcançando o desenvolvimento social e econômico da nossa região.