A vazante histórica, que atinge gravemente a região amazônica, revelou quatro sítios arqueológicos em diferentes pontos do Estado do Amazonas e, no entorno de um deles, na capital. A Prefeitura de Manaus tem um projeto em andamento e já licitado que vai dar à cidade o futuro parque Encontro das Águas – Rosa Almeida, localizado na avenida Desembargador Anísio Jobim, nº 20, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste.
O Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) participou, nesta quinta-feira, 16/11, de uma reunião intergovernamental a convite do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por intermédio da superintendente Beatriz Calheiros, reunindo diversas secretarias municipais, estaduais e federais, para consolidar um grupo de trabalho técnico visando a proteção, salvaguarda e ações de documentação, registro e fiscalização desses bens, o que envolverá ainda organizações sociais e ambientais, além de arqueologia.
A estiagem, que é a pior dos últimos 121 anos, apesar dos impactos da seca, deixou os cursos d’água baixíssimos, como o rio Negro abaixo dos 12 metros, revelando sítios arqueológicos como o da ponta das Lajes. O sítio, que havia aparecido em 2010, apareceu pela segunda vez agora, de forma mais intensa, diante da extrema vazante.
O Implurb vai se somar aos esforços do grupo de trabalho na integração das ações no que for referente ao seu campo de atuação, especialmente porque o instituto já tem um termo de cooperação técnico e institucional com o Iphan-AM.
“A reunião coordenada pelo Iphan-AM reforça nossa diretriz e preocupação com o parque Rosa Almeida, que é vizinho do sítio arqueológico, e com o qual buscamos interação, esperando as reuniões de trabalho desse grupo. O sítio arqueológico é temporário, mas é de suma importância ver seu acesso e como ele será identificado, conservado e sua história catalogada para que, no futuro, possa até ter material para uma exposição, no próprio parque Encontro das Águas, utilizando os recursos tecnológicos e multimídia que temos acessíveis”, explicou o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Para Valente, apesar das imensas dificuldades de uma vazante extrema como a que Manaus e o Amazonas passam agora, a natureza evidencia uma riqueza no afloramento arqueológico em toda a bacia amazônica, desde Tabatinga até cidades ao longo do rio Negro.
Guarda, preservação, fiscalização e também educação patrimonial devem compor as atividades do grupo de trabalho que será criado pelo Iphan-AM por meio de uma portaria, com duração inicial de um ano.
“O Implurb já trabalha em parceria com o Iphan-AM em diversos projetos, desde o programa ‘Nosso Centro’, e agora com o parque Encontro das Águas, que fica em uma área de paisagem única e de grande importância patrimonial, ambiental e arqueológica, ao lado do projeto, a ponta das Lajes. Sabemos que esse patrimônio histórico e arqueológico precisa desta guarda e proteção e, assim, do envolvimento de todos os órgãos”, comentou o diretor de Planejamento, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
O diretor frisa que o Implurb, justamente por ter a interação com o patrimônio histórico e a educação patrimonial, está a postos para contribuir e somar às demais secretarias e entes dentro da sua competência.
Ponta das Lajes
Com cronologia estimada entre mil e 2.000 anos atrás, a ponta das Lajes possui petróglifos, isto é, blocos rochosos nos quais há registros rupestres que representam figuras humanas. Em sua maior parte, as representações são de rostos, que a comunidade local chama popularmente de “caretas”, mas há também gravuras e uma área de oficina lítica com marcas de amoladores. O sítio das Lajes ainda possui bacias de polimento locais em que, há milhares de anos, povos originários confeccionavam suas ferramentas, como machadinhas.
Fonte: Implurb
Fotos: Implurb / Divulgação