Uma batalha de slamers fechou a série de duas turmas de oficina “Slam”, a poesia que vem das ruas, nesta quarta-feira, 9/11, no Casarão da Inovação Cassina, no Centro. O projeto é contemplado pelo edital Manaus Faz Cultura (MFC) da Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), via Conselho Municipal de Cultura (Concultura).
A primeira turma foi formada na escola municipal Ana Sena Rodrigues, na zona Norte, para alunos do ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com idade de 13 a 18 anos, e a segunda turma para pessoas maiores de 18 anos.
Para o presidente do Concultura, Neilo Batista, a Prefeitura de Manaus cumpre com uma importante missão de levar arte e cultura às periferias e estimular a juventude a fazer arte.
“Estamos presenciando aqui hoje, a moçada da periferia, das ‘quebradas’, arrebentando, mostrando a força da poesia, da literatura, por meio desta ação do projeto Manaus Faz Cultura”, ressaltou Neilo.
Ele destacou que esta é uma das ações âncoras de atuação do Concultura, que atende ao programa de governo do prefeito David Almeida para a cultura.
Para estimular a participação na oficina de slam, os alunos receberam todos os materiais necessários, como camisa, caderno, lápis, caneta, borracha, bolsa, apostila, garrafa de água, merenda e vale-transporte nos três dias de aula. Cada turma possui 20 alunos, sendo nove horas de aula, a carga.
O proponente da oficina é o ‘slamer’ William da Silva ou Will Dero, que destaca que o aprendizado da oficina conclui-se com a batalha de poesias faladas.
“A gente está tentando disseminar essa vertente literária que traz à tona as realidades sociais vividas e sofridas pelos slamers”. Will cita que o edital foi uma oportunidade preciosa para divulgar o gênero literário para o público manauara carente e cheio de talentos.
O vice-presidente do Concultura, Carlos Guedelha, fez durante o evento o convite aos artistas para ocuparem um espaço durante o Festival Literário de Manaus (FLIM) que reunirá no final os segmentos literários, onde vão expor a força e qualidade do slam, da poesia falada produzida em Manaus.
“As batalhas de slam vêm conquistando cada vez mais a juventude de nossa cidade para a produção e o consumo da boa literatura, porque alia o charme da poesia falada à expressão de protesto dos jovens”, explicou Guedelha que ratificou que é uma forma de poesia autêntica que brota das ruas e dá voz às periferias historicamente silenciadas.
Gênero Literário
O slam poesia completa 15 anos este ano no Brasil, e no Amazonas já existe desde 2018, e tem duas batalhas existentes atualmente: o Slam MHC e Slam na Praça.
A palavra slam é uma onomatopeia inglesa (figura de linguagem na qual se reproduz um som por meio de fonemas) indicada para representar o som de uma batida. Também é utilizada para designar o impacto de uma poesia falada. Esse termo também é muito utilizado no esporte, como o “Grand Slam tênis”, “Grand Slam Basketball”, e serve para designar um tipo de campeonato.
As poesias devem ser autorais. Pode-se utilizar um sample, ou seja, um trecho de uma música ou poesia conhecida, porém isto não deve tomar mais do que 15% da performance.
O tempo de cada poesia falada não pode ultrapassar três minutos. Após o tempo há uma tolerância de dez segundos para que se encerre a poesia, e caso ultrapasse, meio ponto é descontado a cada dez segundos seguintes. Não é permitido utilizar figurino, cenários ou acompanhamento musical.
Evolução
O edital Manaus Faz Cultura, na edição de 2023, contemplou cem projetos de oficinas de conteúdo artístico-cultural com valor de R$ 20 mil cada. Foram contemplados em todas as zonas da cidade e entorno da capital, por segmentos: literatura (11), dança (12), teatro e circo (13), artes visuais (12), audiovisual (12), cultura étnica (11), música (12), cultura popular (11), hip-hop e outros (6).
Foram contemplados 40 projetos em 2021, e mais 60 oficinas em 2022, descentralizando o incentivo à cultura em Manaus.
Foram inscritos, em 2023, nos nove segmentos, 84 projetos de audiovisual, 53 de cultura étnica, 77 de cultura popular, 86 de dança, 47 de literatura, 101 de música, 105 de teatro e circo, e 60 de outros segmentos.
Fonte: Manauscult
Foto: Divulgação / Manauscult