Para virar este jogo, a atual gestão municipal firmou parcerias com órgãos federais e estaduais de fomento à produção, além de investir recursos próprios na contratação de técnicos para capacitar e acompanhar os agricultores, selecionar mudas e na aquisição de novas ferramentas, mecanização das lavouras, assim como na recuperação das estruturas de armazenamento e beneficiamento que, no município, ainda é feito de maneira artesanal.
A comunidade Nossa Senhora de Lourdes, no Lago Curuçá (a 45 km da sede do município), foi o local escolhido para iniciar o projeto piloto, com a implantação do primeiro polo de desenvolvimento da cultura.
Acompanhados por técnicos agrícolas, no começo de maio, 11,6 mil mudas selecionadas foram plantadas em 72 hectares preparado, por 36 famílias tradicionais descendentes dos Sateré Mawé, os primeiros a descobrir as propriedades medicinais e energéticas da fruta e a cultivá-la, segundo relatos do missionário jesuíta europeu Johannes Philippus Bettendorff, em 1669.
Quando a primeira colheita destas plantas acontecer, em 2020, a região produzirá 17,5 toneladas/ano, com uma estimativa de receita de R$ 13 mil para cada família e totalizando quase R$ 500 mil para a comunidade, em valores atuais (R$ 25 o quilo/rama do guaraná in natura).
“Em janeiro, quando assumimos a prefeitura, não havia uma única muda de guaraná nos viveiros municipais. A única produção era das plantas nativas e de pequenos agricultores que já tinham garantido a comercialização da safra. Estamos recuperando o tempo perdido e até novembro, teremos 12 comunidades polos implantadas na zona rural, cultivando com acompanhamento, apoio e planejamento permanente de todo o processo”, explicou o prefeito Junior Leite.
Além do resgate de uma cultura milenar, o prefeito destaca que outro objetivo inicial do projeto é dobrar o número de postos de trabalho gerados com o cultivo e comercialização da fruta em todo o município. Atualmente, são 2,5 mil famílias que produziram 329 toneladas em 2015, muito distante das mais de 800 toneladas produzidas no município baiano de Taperoá, recordista mundial de produção.
Made In Maués
Não é apenas o aumento da produção anual que está entre as prioridades do programa de retomada da produção de guaraná em Maués. A qualidade, muito superior a de outros estados pelo alto teor de cafeína presente nas frutas do Baixo Amazonas, também é motivo de preocupação e alerta da prefeitura municipal e dos agricultores.
Em parceria com a associação dos produtores locais e a orientação do Sebrae-AM, o município está próximo de obter o Registro (selo) de Indicação Geográfica do Guaraná de Maués, que irá garantir aos grandes compradores e consumidores, a procedência e a qualidade do que estão adquirindo e, ao mesmo tempo, estará agregando valor às propriedades rurais e ao produto final.
Na pesquisa para conseguir o selo, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Produção Rural, descobriu que empresas no Mato Grosso e em outros estados, já haviam solicitado patentes para nomes como ‘Guaraná de Maués’, ‘Guaraná da Amazônia’ e ‘Made In Maués’, entre outros, fato que por si só demonstra a importância e a ameaça sobre a propriedade da denominação.
“Em qualquer feira e mercado de Manaus, por exemplo, é muito fácil encontrar embalagens, etiquetadas e vendidas como “Guaraná de Maués”. Todos que já estiveram aqui (Maués) sabem que o produto que consumimos é diferente, até a cor. Com o selo, apenas produtos que realmente utilizarem o guaraná produzido nas nossas comunidades rurais poderão dizer ao seu público alvo que são da Terra do Guaraná”, acrescentou o prefeito Junior Leite.
Fonte: Assessoria