A Fiocruz Amazônia e a Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-AM) formalizaram nesta terça-feira, 18/07, a assinatura de sete termos de cooperação científica que garantirão a execução conjunta de projetos desenvolvidos por pesquisadores da Fiocruz Amazônia e FVS-AM, visando fortalecer as estratégias de vigilância e controle de doenças infecciosas no Amazonas. Os acordos foram assinados pela diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, e a diretora-presidente da FVS-AM, Tatyana Costa Amorim Ramos, juntamente com os pesquisadores das duas instituições que coordenarão cada projeto, em solenidade realizada no Salão Canoas, na sede do ILMD/Fiocruz Amazônia, com a presença de representantes da Secretaria do Estado da Saúde, Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado e Fundação Alfredo da Matta. O foco das parcerias são as doenças infecciosas como dengue, zika, malária, Chikungunya, febre amarela, Covid-19, infecções sexualmente transmissíveis (IST/HIV/Aids) e hepatites virais.
Os termos têm como objetos projetos na área de controle vetorial e reservatórios na Amazônia, vigilância entomológica de insetos vetores de patógenos emergentes, reemergentes e/ou negligenciados no Amazonas; apoio à vigilância laboratorial desses patógenos; vigilância das morbimortalidades por causas externas no Amazonas; epidemiologia de SAS-CoV-2 no Amazonas; desenvolvimento de imuno ensaios para diagnóstico, fortalecimento da política de IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais no Amazonas e oferta de cursos e treinamentos para profissionais de saúde.
Para a diretora da Fiocruz Amazônia, os novos acordos fortalecem não só a parceria como os trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos pelas duas instituições. “Com este ato simbólico de assinatura, reafirmamos o compromisso da Fiocruz Amazônia em contribuir para o fortalecimento da Vigilância em Saúde no Amazonas, utilizando para isso a expertise dos nossos laboratórios e pesquisadores em Saúde Pública, porque acreditamos que, sozinha, sem a parceria dos entes municipais e estaduais, além da sociedade civil organizada e populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas, a Fiocruz Amazônia não consegue vencer os desafios do fazer saúde na Amazônia”, afirmou Benzaken, ressaltando que a assinatura de sete termos de cooperação consolida uma parceria histórica entre as duas instituições.
Tatyana Amorim destacou que a formalização dos acordos é um passo importante e decisivo para a continuidade dos trabalhos. “Hoje é um dia muito importante para a Fiocruz e para a FVS, que sempre foram instituições parceiras, porque marca a institucionalização desse trabalho. Precisávamos assinar esses termos porque um dia vamos sair mas a parceria continuará com a formalização e a continuidade do trabalho no campo da vigilância.
Os termos preveem prazos de vigência que variam de acordo com a extensão de cada projeto. “A saúde na Amazônia apresenta grandes desafios para o SUS e as doenças infectocontagiosas ainda representam um problema para a saúde pública, daí a importância do estudo da ecologia dos ciclos de transmissão de diferentes agentes patogênicos e a sistemática, tendências evolutivas e interações entre os organismos-chaves envolvidos em cada ciclo”, explica o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz Bessa, chefe do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PreV Amazonia), pertencente ao Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA).
O estudo do EDTA vai trabalhar nos seguintes eixos: acompanhamento do perfil silvestre e peridomiciliar de vetores e reservatórios em área rural, monitoramento de patógenos em animais silvestres, sua prevalência em diferentes paisagens e a construção de um biobanco de amostras biológicas. “A junção de todos esses eixos trará contribuições importantes para o conhecimento de situações em saúde na Amazônia, fundamental para subsidiar uma melhor preparação de respostas por parte das autoridades de saúde em todas as esferas de governo”, prevê o projeto, lembrando que a Amazônia é endêmica para vários patógenos emergentes de relevância.
O virologista Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia, explica que o projeto que coordena tem como objetivo o apoio à vigilância laboratorial de patógenos emergentes, reemergente e/ou negligenciados. “Nesse sentido, por mais que tenhamos uma infraestrutura laboratorial suficiente para conduzir esses experimentos precisamos das informações epidemiológicas e o acesso as áreas onde podem estar ocorrendo surtos. Essa capilaridade da FVS, com profissionais que conhecem bem o interior do Estado e as informações epidemiológicas robustas, nos fornecem as condições de desenvolver esse projeto de maneira otimizada, melhorando a qualidade da saúde para a população, que é o objetivo maior de toda pesquisa. Conhecendo melhor os vírus em circulação, em diferentes regiões do Estado, conseguimos melhorar as ações de controle vetorial e de diagnóstico”, explicou.
Pesquisador da FVS-AM, Ronildo Baiatone, subgerente de Entomologia do Departamento de Vigilância em Saúde e Ambiental fará parte de duas pesquisas relacionadas à vigilância entomológica, com foco nos mosquitos vetores de doenças infecciosas como malária, dengue, leishmaniose e doença de chagas. “A parceria entre as duas instituições é de extrema importância e a formalização que acontece agora é ganho para todas as instituições e para o Estado do Amazonas”, resumiu.
Outro projeto contemplado pela assinatura de termo de cooperação prevê o fortalecimento da política de IST/HIV/Aids e Hepatites Virais no Estado do Amazonas, com a finalidade de elaborar estratégias para o fortalecimento de uma política estadual voltada às pesquisas na área e ao atendimento às pessoas vivendo com HIV/Aids. O fortalecimento se dá através de ações de advocacy, resstruturação dos serviços e modelos de qualificação de profissionais de saúde.