A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), por meio da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, promoveu nesta sexta-feira (19), mesa redonda com o tema “Assédio Moral no Trabalho”. O evento faz alusão ao Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, celebrado dia 2 de maio, e tem a finalidade de promover a conscientização, prevenção e combate à violência psíquica ou física no ambiente laboral.
A mesa redonda teve como orientadoras a procuradora do Ministério Público do Trabalho da 11ª Região (MPT-11ª Região), Fabíola Salmito, que falou sobre assédio moral, sexual e condutas discriminatórias no ambiente de trabalho; e da especialista em oratória, Daniela Cardoso, que falou sobre comunicação não violenta no ambiente de trabalho.
Definindo o assédio moral como um conjunto de condutas abusivas, feitas repetidas vezes e que afetam a dignidade do trabalhador, a procuradora Fabíola Salmito citou como exemplos dessas ações xingar, colocar apelidos desrespeitosos, menosprezar, exigir metas desproporcionais à jornada de trabalho, isolar, atribuir tarefas que ponham em risco a saúde ou segurança, dificultar promoções e impedir o acesso a instrumentos de trabalho (computador, telefone, etc.) ou a clientes, exigir que funcionárias não engravidem, dentre outros.
“Estas condutas abalam não apenas aquelas pessoas que estão sendo assediadas, mas todo o grupo ou equipe, criando um ambiente de tensão, adoecimento mental e físico”, apontou a palestrante, falando que esse adoecimento reflete no ambiente familiar, e também na sociedade, pois, em muitos casos, o trabalhador precisa ser afastado por doença. A procuradora falou ainda sobre ações que devem ser implantadas pelas instituições para combater as práticas de assédio, como criação de comitê de enfrentamento, pesquisa organizacional sobre o tema, canais de denúncias, humanização das práticas de gestão e estimular a valorização dos servidores.
Importe nesse processo de prevenção do assédio moral é a maneira de se comunicar, por isso a especialista em oratória, Daniela Cardoso, falou sobre comunicação não violenta, ressaltando que o objetivo é gerar mais compreensão e colaboração nas relações pessoais e profissionais. “Equipes engajadas, que têm um líder que se comunica bem, têm muito mais resultado”, disse a palestrante.
A prática da comunicação não violenta, de aprender a ouvir sem julgamento prévio e com empatia, está baseada em quatro pilares: a observação, saber ouvir sem fazer julgamentos; sentimentos, indagar sem fazer avaliações; necessidades, compreender ao invés de usar estratégias; e pedidos, argumentar ao invés de dar ordens.
Perfil
Segundo a procuradora Fabíola Salmito não existem dados oficiais sobre o numero de casos de assédio moral no Amazonas, porém, de acordo com pesquisas do Observatório da Organização Internacional do Trabalho – SmartLab, existem dados mais genéricos, mostrando que o assédio segue baseado na questão de gênero, sendo as mulheres as mais afetadas, e o setor bancário e de telemarketing são líderes em registros de casos de assédio moral.
“Muitos casos não são denunciados por medo, às vezes pela pessoa nem entender que aquela é uma prática abusiva. Por isso os dados são muito escassos”, explicou Salmito.
Foto: Hudson Fonseca