“De uma doença medieval à explosão de casos nas Américas: o que temos aprendido com a sífilis” foi o tema da palestra proferida na manhã desta terça-feira, 7/03, pela diretora da Fiocruz Amazônia, a médica sanitarista Adele Schwartz Benzaken, durante a Aula Magna de abertura do ano letivo 2023 dos cursos de Mestrado e Doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), oferecidos em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Doutor Heitor Vieira Dourado. Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas, com doutorado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Adele Benzaken se especializou ao longo dos seus 40 anos de carreira profissional no atendimento a populações vulnerabilizadas e na formulação de políticas públicas voltadas ao controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST-HIV/Aids).
Falando para alunos e docentes do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, a médica fez um apanhado histórico da Sífilis, abordando registros do Período Medieval até a atualidade. Aspectos como o da origem da doença, os estigmas gerados pelo preconceito e a discriminação sofrida pelos acometidos, as taxas de prevalência, a vulnerabilidade às ISTs entre os povos indígenas e os recortes geográficos da doença foram destacados ao longo da apresentação, que explanou também sobre a eficácia da penicilina no tratamento dos casos, riscos da transmissão vertical, necessidade de campanhas e os esforços desenvolvidos pela indústria farmacêutica mundial na busca por terapias alternativas dada a possibilidade de escassez de insumo para produção do medicamento.
Adele Benzaken falou da emoção de palestrar para os alunos do PPGMT. “Quero dizer do meu carinho para com esse programa e com a Fundação de Medicina Tropical, onde estagiei e de onde levei muitos ensinamentos para a vida”, afirmou. O programa tem hoje 155 alunos matriculados, sendo 82 do Mestrado e 73 do Doutorado, e, no total, 328 já formados, com nota 5 na avaliação da CAPES. Durante a palestra, a médica lembrou o impacto causado pela pandemia de Covid-19 na notificação de casos de sífilis. “Não há redução no controle. A sífilis não está controlada no Brasil. A infecção e o tratamento não se modificaram, o que pode mudar é o acesso ao cuidado”, afirmou, ressaltando a necessidade de campanhas voltadas às pessoas com vulnerabilidade maior à doença, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas, ou seja, o público de maior frequência de atividade sexual e número de parceiros.
A mesa de abertura da solenidade contou com a presença da coordenadora geral de Pós-Graduação da UEA, Patrícia Melchionna Albuquerque, representando o reitor André Luiz Nunes Zogahib; do diretor-presidente da FMT-HVD, Marcus Vinítius de Farias Guerra; o diretor de Ensino e Pesquisa da FMT, Wuelton Marcelo Monteiro, e a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Gisely Cardoso de Melo.