No dia 20 de novembro, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, e para marcar a data a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) realizou nesta sexta-feira (18), na Escola do Legislativo Senador José Lindoso, a Oficina de Educação Antirracista, com a Profª Mestra Deise Benedito. A atividade faz parte do programa Educando pela Cultura, realizado pela Escola do Legislativo, que promove palestras com temas sobre cidadania, direitos humanos, direitos da mulher, segurança pública, educação e diversidade.
A coordenadora do programa, pedagoga Jacy Braga, explica que a oficina tem o objetivo de trabalhar uma postura de educação com as pessoas e diferenças étnicas. “No Amazonas, temos 52% da população sendo afrodescendente, e é preciso que a gente saiba lidar com as diferenças”, disse Braga, falando que a oficina contou com a participação de servidores e a população em geral, buscando desmistificar alguns pontos e mostrar a importância de um comportamento respeitoso para com a população negra. “É preciso deixar claro de como chamar e, principalmente, como não chamar, o que não dizer, pois não se trata de reclamações vazias, e sim questões de racismo estrutural e institucional, e que devem ser abolidos do nosso convívio”, concluiu a coordenadora da Oficina.
A professora Deise Benedito, Mestra em Direito e Criminologia da Universidade de Brasília (UnB), iniciou a palestra falando expressões como “a coisa está preta”, “buraco negro”, dentre outras, para exemplificar linguagens coloquiais que são racistas, pois relacionam as coisas ruins com a cor da pele das pessoas. “Nós temos a obrigação enquanto homens e mulheres brancos, indígenas e negros lutarmos contra a discriminação”, disse a palestrante, ressaltando a construção histórica que reduziu a população negra à uma não existência enquanto pessoas.
A professora falou ainda da postura das pessoas ao dizerem que “não tiveram a intenção” ao praticarem atos racistas; e que, na verdade, destacou a mestra, essas pessoas acham comum diminuir a condição dessas pessoas como seres humanos. Segundo Benedito, isso ocorre em razão da impunidade, e os atos racistas e discriminatórios se tornam naturais, e sendo incorporados ao cotidiano.
“Todas as pessoas são humanas na sua plenitude e merecem respeito para além da cor da sua pele”, disse a palestrante, reforçando a necessidade de uma educação antirracista, passando principalmente pelo letramento do que é o racismo, do que foi a escravização no Brasil, e da construção do território brasileiro.
Educando pela Cultura
A Oficina realizada nesta sexta-feira marca o encerramento das atividades do programa Educando pela Cultura neste ano de 2022, explicou a coordenadora Jacy Braga, da Escola do Legislativo.
Ela destacou que o programa trabalha mensalmente temas voltados para questões de direitos humanos, atrelados às datas do mês em que ocorrem. Neste mês de novembro, as pautas foram voltadas para a temática racial, em razão do Dia da Consciência Negra. A programação teve início no começo do mês, com a entrega do Prêmio Nestor Nascimento, que reconhece pessoas ou instituições que atuam na defesa dos direitos da população negra no Amazonas. O programa também realizou palestras no município de Urucurituba (208 km distante de Manaus).
Segundo Braga, a programação se encerra na Escola, porém a equipe do programa Educando pela Cultura continuará participando e colaborando com instituições e organizações que atuam contra o racismo. “Nós entendemos que a Aleam, como Casa do Povo, deve estar presente nesses espaços, que seja ouvinte dessas causas necessárias e importantes, e, a partir, daí possa pautar projetos de leis que atendam essa parcela da população”, concluiu.