O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD-Fiocruz Amazônia) realizará no próximo dia 19/10, das 9h às 17h, o Seminário Violência e Saúde em Tempos de Emergências Sanitárias Globais. O evento reflete uma parceria com o Programa Institucional de Articulação Intersetorial Violência e Saúde (PI-AIVS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e reunirá especialistas de diversas áreas e pesquisadores de outras unidades da Fiocruz no Brasil. O objetivo será o de levantar e debater as diferentes expressões da violência na Amazônia brasileira, em tempos de complexas e sequenciais emergências sanitárias que demandam não somente o aprimoramento de respostas e esforços intersetoriais à sua mitigação, como também uma compreensão dos seus principais determinantes, sejam eles sanitários, sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais.
O seminário será aberto com os pronunciamentos da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, da diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken e da coordenadora do PI-AIVS, Simone Assis. O evento acontecerá no formato híbrido, com um limite presencial de até 50 pessoas no Salão Canoas, na sede do ILMD/Fiocruz Amazônia, com transmissão e acesso gratuito também pelo canal do You Tube do ILMD/Fiocruz Amazônia https://www.youtube.com/user/fiocruzamazonia/videos . As inscrições podem ser feitas no link https://campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/violenciaesaude2022/formulario..
De acordo com o epidemiologista Jesem Orellana, chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi) e um dos organizadores do seminário, a intenção é fazer com que os debates envolvam um coletivo de especialistas, representantes dos mais diversos segmentos (academia, sociedade civil organizada, movimentos sociais e órgãos governamentais e não governamentais) visando contribuir para a formulação de políticas públicas que possam intervir sobre a realidade atual. São temas de interesse do evento: as relações entre a ocorrência de homicídios e suicídios e o dramático desenvolvimento da epidemia de COVID-19 na região; os possíveis impactos da flexibilização do Estatuto do Desarmamento; as repercussões da violência urbana sobre a mortalidade por homicídio de mulheres e a violência de gênero; o agravamento da violência no campo, com destaque para os diferentes tipos de vitimização em desfavor de comunidades tradicionais, indígenas e agricultores familiares.
Orellana explica que a ideia é garantir a participação de setores como o da segurança pública, saúde e órgãos de controle (Ministério Público e Defensoria Pública), além de estudantes de pós-graduação e profissionais da Imprensa, para reflexões e análises relacionadas à violência estrutural, institucional, autoprovocada e interpessoal, assim como às políticas públicas a elas atinentes. “Convidamos pesquisadores, gestores, estudantes de pós-graduação, movimentos sociais, órgãos de controle e demais interessados a comporem o debate, numa iniciativa inédita em se tratando da Amazônia brasileira”, explica o epidemiologista. A programação será composta por painéis, intercalados por debates moderados por docentes e pesquisadores convidados.
O primeiro painel abordará o tema “Violência de gênero e contra a criança e o adolescente: desafios em tempos de emergências sanitárias”, tendo como palestrantes o docente e pesquisador da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) André Luiz Machado das Neves, a titular do Núcleo de Defensoria da Infância e Juventude, Juliana Linhares de Aguiar Lopes, da Defensoria Pública do Estado do Amazonas, a docente da UEA Lihsieh Marrero, e a presidente do Instituto Mana de Empoderamento Feminino, Juliana Marques. O debate será moderado pela docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Nathália França. No intervalo do almoço, será feita a leitura de manifesto do movimento “Humaniza Coletivo Feminista de Manaus, acerca da violência institucional contra mulheres, gestantes e parturientes no Amazonas, seguida de exposição fotográfica.
À tarde, as discussões serão retomadas com o tema “Os suicídios e homicídios e a violência no campo e sua relação com a saúde, com os painelistas Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, a jornalista Elaíze Farias, editora de Conteúdo da Agência Amazônia Real, a professora Patrícia Rocha Chaves, da Universidade Federal do Amapá e consultora da Comissão Pastoral da Terra, e Terine Husek Coelho, do Instituto Igarapé. O debatedor/moderador será o analista de Gestão em Saúde do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fiocruz, Jacob Augusto Santos Portela. O seminário será encerrado com a apresentação de um grupo musical com temática regional.
SOBRE O PI-AIVS
O Programa Institucional de Articulação Intersetorial Violência e Saúde (PI-AIVS) foi constituído por meio da Portaria número 260/2017 da presidência da Fundação Oswaldo Cruz, em fevereiro de 2017. É coordenado pelo Departamento de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES) e vem atuando através de um grupo de trabalho (GT) que reúne participantes de diversas unidades da Fundação, a partir de um plano de trabalho debatido e aprovado anualmente. O objetivo geral do PI-AIVS é ampliar e articular a reflexão e as ações sobre violência e saúde entre as diversas unidades da Fiocruz.
Entre os objetivos específicos estão debater o tema internamente à Fiocruz; ampliar a compreensão da relação entre a violência e a saúde através de sua análise pela lógica da determinação social da saúde, dos processos de desenvolvimento econômico e dos conflitos territoriais e ambientais; mapear as demandas, ações e pautas das diferentes unidades, a fim de formar uma rede de atuação, agregando experiências de pesquisa, ensino, ação, assistência e advocacy; e dar subsidio à definição de posicionamentos institucionais acerca de temas chave aos quais a Fiocruz é chamada a se pronunciar.