Projeto que propõe residência na Floresta Amazônica voltado para artistas da Amazônia Legal realiza imersão pelo Rio Negro, de 22 de setembro a 1 de outubro, em parceria com o Festival Se Rasgum (PA).
Um grupo singular composto de 10 artistas da música está pronto para uma verdadeira imersão em residência artística pelo maior bioma natural da Terra, a Amazônica. Promovido pela LabVerde, em parceria com o Festival Se Rasgum, o Labsonora anuncia os escolhidos entre mais de 100 inscritos das mais diversas regiões da Amazônia Legal.
A imersão acontece a partir desta quinta-feira (22) e segue até 1 de outubro, com projeto patrocinado pela Natura Musical e da Oi, via Lei Semear de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Pará e Fundação Cultural do Pará.
Os selecionados são Marlon Wirawasu, multiartista de São Gabriel da Cachoeira (AM), apaixonado pela estranheza dos sons; Cida Aripória, mulher de raízes indígenas do povo Kokama, pioneira a cantar rap no Amazonas; Netinho Eware, cantor e compositor da etnia Ticuna, de Tabatinga (AM); Elton Panamby, artista que atua em múltiplas linguagens dedicando-se à pesquisa e criação poética e experiências rituais (AM); Bruna BG, rapper, musicista e compositora paraense (PA); Alziney Curumiz, artista visual de Parintins (AM); Tani, cantora, compositora e ativista criada no Amapá (AP); Reiner, artista do Pará que mistura trip hop à musicalidade negra brasileira; Layse, cantora, compositora, instrumentista e diretora musical que busca inspiração do bolero à guitarrada do Pará; e M4fel, trans não retificada, manauara de múltiplas linguagens artísticas.
A curadoria teve como jurados Carol Amaral, produtora cultural, advogada e ativista do movimento negro, radicada em Manaus; Chico Dub, diretor artístico residente do Oi Futuro, diretor geral e curador do Festival Novas Frequências (RJ); Djuena Tikuna, cantora e primeira jornalista indígena Tikuna formada no Amazonas, hoje residente no Maranhão; Lílian Fraiji, curadora e produtora cultural de Manaus, sócia-fundadora e diretora geral do LabVerde; e Paula Medeiros, gestora cultural paraense, co-fundadora do Festival Baiacool Jazz Festival e produtora da Se Rasgum Produções.
Ação coletiva
Com a proposta de estimular o desenvolvimento do pensamento crítico sobre natureza, arte e cultura, a residência Labsonora tem foco na criação artística com debates construtivos com um time de especialistas, pesquisadores do Instituto de Pesquisas da Amazônia, que instigam a interpretação do ecossistema Amazônico, procurando apontar o papel da arte na conscientização socioambiental.
A residência também inclui uma série de discussões, workshops, palestras e apresentações artísticas para aprofundar seu conhecimento sobre a diversidade sociobiológica da Amazônia. Os participantes terão um mês para entregar um trabalho finalizado sobre as questões discutidas durante a residência, que serão disponibilizados tanto nas redes do LabVerde como da Se Rasgum Produções.
O projeto terá ainda como convidados o residente francês do projeto, Benoît Crauste, músico, saxofonista e produtor sediado em Paris. Na Amazônia, ele irá propor a criação de pontes entre o jazz, a música afro e a escuta da natureza profunda. De Manaus, o convidado é Gandhi Tabosa, pesquisador e professor de danças urbanas e arte contemporânea, que fundou e dirige o Gandhicats Project.
O Labsonora tem patrocínio master da Natura Musical e da Oi, apoio cultural do Oi Futuro e LabSônica através da lei Semear de incentivo à cultura via Governo do Estado do Pará e Fundação Cultural do Pará, apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Embaixada da França no Brasil.
“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
A residência LabSonora é o início de uma série de ações culturais, fruto da parceria entre o Labverde e a Se Rasgum Produções, que engloba orientações artísticas online e a realização de um Festival em Manaus, nos dias 16 e 17 de dezembro de 2022.
Conheça mais os residentes do LabSonora 2022
Wirawasu (AM)
Marlon Wirawasu é um multiartista de São Gabriel da Cachoeira, interior do Amazonas. Graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ele também atua como fotógrafo, DJ, sound designer e é apaixonado pela estranheza dos sons. Transita pelo território da arte sonora desconstruindo e criando novas atmosferas e novas possibilidades a partir de sons orgânicos e digitais. Sua pesquisa é voltada para o atrito entre ruídos industriais e naturais que se transforma em pano de fundo para uma construção não linear e experimental de música eletrônica.
Cida Aripória (AM)
Cida Aripória, mulher de raízes indígenas do povo Kokama, natural e residente da periferia de Manaus, foi uma das pioneiras a cantar rap no estado. Premiada local e nacionalmente por seu trabalho em prol da cultura, das mulheres e direitos humanos no Amazonas, representa coletivos como a Frente Nacional de Mulheres no Hip-Hop (AM), o OcupaMinart de mulheres no Hip-Hop (AM) e compõe a Organização Internacional de Mulheres no Hip-Hop de Cuba – Somos machomais. É idealizadora e organizadora de diversos eventos e projetos relacionados à temáticas no estado.
Netinho Eware (AM)
Netinho Eware (1987) é cantor e compositor da etnia Ticuna de Umariaçú II, de Tabatinga (AM). Gravou quatro discos de música cultural Ticuna. Entre os prêmios que ganhou, destaque para o de Melhor Música em Idioma Indígena e de Melhor Intérprete, da Rádio Nacional, do Alto Solimões, além do Projeto Agente Jovem de Cultura.
Elton Panamby (AM)
Atua em múltiplas linguagens dedicando-se à pesquisa e criação poética a partir de limites psicofísicos, práticas corporais e sonoras, experiências rituais, aparições, vultos e visagens. Doutor em Artes pela UERJ. CyberOgan na Plataforma Lança Cabocla.
Bruna BG (PA)
Bruna BG é rapper, musicista e compositora, de Breves, cidade pequena localizada na Ilha do Marajó (PA). Desde 2007 está na cena musical belenense, atuando também como guitarrista e baterista. Em sua trajetória passou por várias vertentes musicais como rock, reggae, samba, soul e rap.
Alziney Curumiz (AM)
Alziney Pereira é artista Visual de Parintins-Amazonas, que desde 2017 forma o duo de artistas de codinome Curumiz com Kemerson Freitas, em um trabalho em que buscam através do graffiti retratar uma Amazônia de uma forma peculiar dos artistas, um olhar antropomórfico.
Tani (AP)
Artista independente, cantora, compositora e ativista. Nascida no Ceará, foi criada no Amapá desde os sete anos de idade, fazendo da Amazônia a sua morada até os dias atuais. A poesia é o norte de suas composições, que revelam a intensidade de sua vivência na mesma medida em que ressignificam seus traumas. Tani carrega consigo a ancestralidade de sua trajetória.
Reiner (PA)
Estranho, obscuro e experimental, Reiner lançou em 2021 o EP Breu que mistura Trip Hop à musicalidade negra brasileira. Obteve destaque na cena nacional em revistas como Rolling Stone e foi apontado por Zeca Camargo como um dos artistas mais interessantes de 2021, mesmo ano que tocou no Festival Psica.
Layse (PA)
Layse Rodrigues é cantora, compositora, instrumentista e diretora musical do Pará. Suas influências trazem a sonoridade da Amazônia latina através do ponto de vista de uma mulher independente e nortista, inspirada nas paisagens naturais, no calor e na música caribenha dos ritmos como bolero, brega e da guitarrada paraense.
M4fel Matagal (AM)
M4fel é uma preta trans não retificada, manauara, de múltiplas linguagens artísticas. Produtora cultural, artista plástica, visionária, DJ e produtora sonora. Dirige @Uhsulas @Sujarec e @Ga.rrr.a, é mãe na coletividade preta @casamatagal habituada no movimento cultural @ballroom.mao.
Residentes do LabSonora na França
Benoît Crauste é músico, saxofonista e produtor sediado em Paris. Com formação em jazz, amplia o espectro sonoro de seus saxofones no contato das diferentes linguagens e correntes musicais que irrigam sua cidade natal. Ativo no palco há 20 anos, cria pontes entre o jazz, a música afro-americana e a escuta da natureza. É membro fundador do grupo de afrobeat Monkuti, e toca com ex-parceiros de Fela Kuti, Oghene Kologbo, Dele Sosimi e Tony Allen, entre outros. Conciliando seu amor pelo jazz e pela música improvisada, fundou os conjuntos 7t Bettersweet e o 5t SpaceBop, com Peter Perfido. Aberto aos sons do mundo, mantém colaborações em Portugal, África e Brasil. Seu primeiro EP solo, Chuva Caiu, que sintetiza seu amor pela música e pela natureza, foi gravado na Mata Atlântica, em 2018. Em 2021, colaborou com Gabriel Martinho no registro de cantos indígenas na aldeia Segreda do Artesão, da etnia Huni Kuin, no Acre. Em 2022, criou a orquestra franco-brasileira ‘Orquestra Família da França’ em Paris, sob a direção de Itiberê Zwarg, seu mentor desde 2012.
Gandhi Tabosa é fundador, diretor e coreógrafo do Gandhicats Project, na cidade de Manaus (AM). Atua como pesquisador e professor de danças urbanas e arte contemporânea desde 2007. Em seu atual projeto, “Olhe para o Norte”, conduz o olhar para a cultura amazonense extravasando questionamentos de artistas nortistas, a favor da produção cultural da região. Produz e coreografa peças audiovisuais enaltecendo a cultura e o patrimônio imaterial da região norte. Trabalha no carnaval de Manaus há 10 anos, dirigiu e coreografou a La Salle Cia de Dança de 2011 a 2017 e coreografou para o Boi Garantido, no Festival Folclórico de Parintins, em junho deste ano. Coreografou escolas e realizou aulas, palestras e workshops pelo pelo Brasil e em 2017 participou do projeto Criança que Dança em Porto Príncipe no Haiti. Com o Gandhicats Projetc, seu maior laboratório de experimentos artísticos, conquistou diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais, como Melhor Coreógrafo no FIH2 em 2016, 2017 e 2018, e o título de Melhor Grupo do Festival de Dança de Joinville em 2019.
Sobre a Natura Musical
Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 184 milhões no patrocínio de mais de 560 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento às cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais.