O Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados (ViVER), vinculado ao Laboratório de Ecologia de Doenças Trasmissíveis na Amazônia do ILMD/Fiocruz Amazônia, com sede em Manaus, é um dos oito laboratórios de referência para o diagnóstico de Varíola dos Macacos no Brasil, conforme ficou estabelecido pelo Plano Nacional de Contingência para a Monkeypox lançado pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública do Ministério da Saúde. Até agora, quatro casos da doença no Amazonas tiveram confirmação de diagnóstico laboratorial feito pela Fiocruz Amazônia, que atenderá também à demanda de diagnósticos da Monkeypox dos Estados do Acre e Roraima. O laboratório do ILMD já é referência na vigilância genômica da Covid-19.
O virologista Felipe Naveca, que coordena a equipe, explica a importância da criação da rede de diagnóstico laboratorial para a Monkeypox no Brasil, neste momento em que o número de casos da doença apresenta tendência de aumento. “Com o aumento dos casos de Monkeypox em todo o Mundo, se tornou mais que necessário aumentar nossa resposta do ponto de vista de vigilância, incluindo a vigilância laboratorial, ou seja, a confirmação dos casos suspeitos o mais rápido possível. É neste sentido, que o ILMD passou a integrar a rede nacional de referência para esses casos, capazes de responder com o diagnóstico, referendado pelo Ministério da Saúde”, explica Naveca.
Junto com o ILMD-Fiocruz Amazônia, compõem a rede de referência do Ministério da Saúde o Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Laboratório de Enterovírus da Fiocruz-RJ, o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais, Instituto Adolpho Lutz (Lacen-SP), Laboratório de Biologia Molecular do Vírus do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Laboratório Central do Distrito Federal (Lacen-DF), Laboratório Central do Rio Grande do Sul (Lacen-RS), Instituto Evandro Chagas (PA).
Felipe Naveca destaca que atualmente estão sendo feitos ensaios de PCR em tempo real para os diagnósticos laboratoriais, seguindo o protocolo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, em uso em todas as redes. “Uma vez que nos tornamos laboratório de referência, não há necessidade de confirmação dos casos por outros laboratórios, anteriormente o Amazonas era referenciado pelo Lacen-MG, não existe mais essa necessidade. Nosso resultado é definitivo”, salientou.
Naveca ressalta que, no Amazonas, a parte de vigilância de campo, que compreende a busca ativa dos pacientes e coletas de amostras, é de responsabilidade da Fundação de Vigilância Sanitária Dra. Rosemary Costa Pinto e do Laboratório Central do Amazonas. Segundo o virologista, as análises das amostras no laboratório da Fiocruz Amazônia são feitas em menos de 24 horas, com o resultado positivo ou não para Monkeypox. Segundo Naveca, ainda não foram confirmados casos da doença no interior do Amazonas.
Conforme determinação do Ministério da Saúde, o Instituto Evandro Chagas (PA) e o ILMD-Fiocruz Amazônia são os dois laboratórios da região Norte a integrar a rede, com a responsabilidade de apoiar aos demais estados. “Estamos preparados para, num segundo momento, fazer o treinamento de outros laboratórios, o que ainda não nos foi solicitado pelo Ministério da Saúde, mas o importante é que essa rede aumente e num futuro passemos a ter mais laboratórios fazendo o diagnóstico”, observou.
Naveca admite que o risco de aumento de casos é uma realidade, com o agravante de ainda estarmos vivendo uma pandemia de Covid-19. “É preciso estar preparado. Os Estados Unidos decretaram emergência por causa de monkeypox há cerca de três dias. Aquilo que parecia ser algo que seria facilmente contido no início não mostrou esse cenário e estamos vivendo ainda uma pandemia de Covid, tendo um risco de um aumento grande de casos. Por conta do aumento importante de casos a monkeypox se tornou uma segunda emergência de saúde pública de importância internacional”, finalizou.