RIO — Em sua primeira viagem oficial a Israel, O presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixou insatisfeitos o presidente do país, Benjamin Netanyahu , e também a Autoridade Palestina. Bolsonaro recuou da decisão de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, causando desconforto no governo israelense, mas anunciou a abertura de um escritório de representação na cidade, o que irritou os palestinos.
A Autoridade Palestina (AP) convocou para consultas o seu embaixador no Brasil , Ibrahim Alzeben, em reação à decisão do presidente Jair Bolsonaro de abrir um escritório de negócios em Jerusalém . A informação, adiantada pelo The Jerusalem Post, foi confirmada ao GLOBO pelo diplomata, que afirmou ter sido informado apenas por meio de nota oficial da AP. Ele relatou que ainda não sabe quando deixará Brasília nem quanto tempo deverá permanecer fora do país.
O embaixador afirmou que acredita ainda não ter recebido convocatória oficial porque a liderança da AP está na cúpula da Liga Árabe na Tunísia.
— O comunicado do Ministério (de Relações Exteriores da Palestina) diz isso, mas ainda não recebi orientação por escrito. Tenho conhecimento deste gesto de condenação em relação à abertura de um escritório de negócios em Jerusalém. Amanhã de manhã deverá haver mais informações — disse o embaixador ao Globo. — Quero aproveitar para dizer que, para nós, o Brasil é um país muito importante e queremos manter as melhores relações.
Segundo ele, o anúncio de abertura do escritório por Bolsonaro, em comunicado conjunto com o premier Benjamin Netanyahu durante sua visita a Israel, é “inoportuno” e “desnecessário”.
— A embaixada em Tel Aviv e (o escritório regional) em Ramallah cumprem com as funções que devem. Não achamos adequado mexer com um assunto tão delicado. Zelamos por muito cuidado para manter nossas excelentes relações e melhorá-las.
O embaixador disse ainda que, por enquanto, não tem informações sobre eventuais mudanças no escritório diplomático do Brasil em Ramallah, que é chefiado desde fevereiro de 2016 pelo embaixador embaixador Francisco Mauro Brasil de Holanda .
Bolsonaro foi convidado pelo presidente da AP, Mahmoud Abbas, a visitar alguns territórios palestinos durante sua viagem a Israel. O convite foi feito em janeiro e reforçado em março. No entanto, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, declarou, no fim da semana passada, que a visita a esses locais não estava programada.
Em 2010, durante viagem ao Oriente Médio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Belém e a Ramallah, após visitar Israel. Lula também foi à Jordânia. Na época, era articulada a participação do Brasil em uma negociação entre israelenses e palestinos para uma paz duradoura.
Neste domingo, o presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, disse que a cúpula da Liga Árabe em Túnis deve enviar uma mensagem sobre a importância da questão palestina. À Reuters, ele afirmou que a estabilidade regional e internacional deveriam vir com “um acordo justo e abrangente que inclua os direitos do povo palestino e leve ao estabelecimento de um Estado Palestino com Jerusalém como sua capital”.
Fonte: O Globo