Na pauta estavam algumas reivindicações que foram ouvidas e que serão avaliadas pelo reitor e sua equipe.
Lideranças e estudantes indígenas participaram, nesta sexta-feira (27/05), de uma roda de conversa com o reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o Prof. Dr. André Zogahib. Em pauta, a necessidade da criação de políticas públicas afirmativas voltadas aos povos indígenas na instituição. Além de integrantes do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), também estiveram presentes no bate-papo representantes do Diretório Acadêmico da Escola Superior de Artes e Turismo (Daesat/UEA) e do Movimento LGBTQIA+.
A técnica de Enfermagem e finalista do curso de Pedagogia da UEA, Vanda Ortega Witoto, destacou a necessidade urgente de uma política linguística na universidade. Segundo ela, muitos universitários indígenas falam somente a língua materna e precisam desse suporte. “Não temos um centro de língua indígena na UEA. Não existem professores que falem a língua Ticuna, por exemplo”, exemplificou Vanda.
O indígena Baré Orlando Melgueiro, vice-coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas e Povos do Amazonas (Coipam), agradeceu a disponibilidade do reitor André Zogahib em ouvi-los. Orlando disse que uma das suas preocupações não é somente com a inserção de povos na universidade, mas, principalmente, com sua permanência e conclusão dos estudos. Segundo ele, é grande a evasão de indígenas justamente devido à falta de incentivo por parte da universidade.
O Sateré Mawé Erimar Miquiles, acadêmico do curso de Direito da UEA, iniciou sua fala dizendo que, apesar de não entender muito de números, percebe que a porcentagem de cota para indígenas no vestibular da instituição é menor que a cota para Pessoas com Deficiência (PCDs), por exemplo. “Aproveito para solicitar a revisão dessa quantidade porque muitos parentes querem fazer um curso superior e acabam ficando de fora do processo”, informou.
Portas abertas – O reitor André Zogahib, acompanhado do pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Prof. Dr. Darlisom Ferreira, reforçou que era muito bom ouvir todas as reivindicações e saber, mais de perto, de cada uma das demandas. “Vocês têm lugar de fala porque vivenciam essas situações no dia a dia da universidade. E eu e minha equipe estamos aqui para ouvi-los e, juntos, chegarmos a uma resposta que atenta a todos ou, pelo menos, a maioria. Tenham a certeza de que as portas da UEA estarão sempre abertas a vocês”, ressaltou.