ZFM moribunda: duas rodas, informática e refrigerantes na mira de Bolsonaro

O Governo Federal não só descumpriu a promessa de retirar os produtos produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM) do decreto que reduz em 25% o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), como anda planejando ataques mais contundentes ao modelo econômico amazonense. Nos bastidores de Brasília, comenta-se que a mira da equipe econômica do Palácio do Planalto está apontada para o polo de duas rodas, bens de informática e polo de concentrados desta vez.

‘’TIRO NO CORAÇÃO DA ZFM”

O vice-presidente da Câmara, deputado federal Marcelo Ramos (PSD), chama atenção para o fato de que os setores de duas rodas, informática e refrigerantes são responsáveis por 75% dos empregos e da receita gerada ao Amazonas. Para o parlamentar o ataque a estes setores seria “um tiro no coração da ZFM”.

OBSTRUÇÃO DA PAUTA

Marcelo Ramos voltou a aventar a possibilidade de obstruir a pauta do Congresso até que seja publicado o decreto ressalvando a ZFM. A conciliação com o Ministério da Economia e medidas políticas e jurídicas também estão nos planos. “Nós não vamos admitir essa quebra de acordo com parte do governo federal e vamos utilizar todas as armas que estiverem ao nosso alcance para resistir em defesa dos empregos, da renda dos amazonenses e da economia do nosso Estado”, diz Ramos.

DEBANDADA

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) classifica a ação do governo Bolsonaro contra a ZFM como nefasta e estúpida. Serafim alerta para o fato de que as empresas do polo de concentrados são empresas multinacionais e não aguentam mais essas idas e vindas do Planalto em relação à ZFM. “Se eles fizerem isso mais uma vez, nós corremos o risco de ver uma debandada dessas empresas”, afirmou, acrescentando que a saída de empresas deste porte tem efeito cascata. A medida, se confirmada, prejudica as indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), como Coca-Cola e Ambev.

“MENINO BIRRENTO”

Coordenador da bancada do Amazonas no Congresso, o senador Omar Aziz (PSD) afirmou que vai tomar medidas para evitar mais uma ação deliberada que coloca em risco os empregos de milhares de famílias amazonenses. “Eu não acredito que o presidente Bolsonaro esteja atacando o polo de refrigerantes do meu Estado por retaliação, pois isso seria coisa de menino birrento e não de um presidente da República”, disparou Omar.

DERRUBAR O VETO

Em outra frente de resistência aos atos do Governo Federal, o deputado federal Zé Ricardo (PT) está convocando para o dia 18 de abril os movimentos culturais para participar de uma reunião virtual ampliada em defesa da derrubada do veto presidencial à Lei Paulo Gustavo. Segundo o parlamentar, o setor cultural do Amazonas vai perder cerca de R$ 86 milhões, dos R$ 3,8 bilhões que seriam repassados ao Fundo Nacional de Cultura (FNC) para fomento de atividades e produtos culturais no Brasil.

FECHADO COM BOLSONARO

O governador Wilson Lima (UB) afirmou que o provável consórcio formado pelo seu partido, o União Brasil, com o MDB, PSDB e Cidadania em torno de um nome único para ser candidato à presidência da República, em oposição ao atual presidente, não influencia sua decisão de continuar apoiando a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

EDITAL DE R$ 20 MILHÕES

A declaração de Wilson Lima sobre o apoio a Bolsonaro foi dada logo após a cerimônia de lançamento do edital com investimento de R$ 20 milhões para projetos socioassistenciais de Organizações da Sociedade Civil (OSCs), nesta quinta-feira (7). Os recursos devem atender iniciativas que beneficiam pessoas em situação de vulnerabilidade social na capital e interior do Estado.

DHUIGÓ NO CANAL ARTE1

Nascida em São Gabriel da Cachoeira, a artista visual indígena Duhigó, da etnia Tukano, é a primeira artista visual amazonense a ganhar um documentário de 30 minutos no maior Canal de arte do País. A artista indígena amazonense está na programação do canal Arte1, o único do Brasil com programação 100% voltada à arte e à cultura. Duhigó está no ar na série “Arte Indígena Contemporânea”.