Casos de violência doméstica contra mulheres, em Manaus, aumentaram 73% em janeiro de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018. Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), no primeiro mês deste ano, foram registrados 1.270 casos de violência doméstica, enquanto em 2018 foram 734 registros.
O crime de lesão corporal dolosa também aumentou no mesmo período. Foram 394 registros este ano, contra 249 no ano passado. No total, foram registradas no primeiro mês do ano, 9.727 ocorrências contra mulheres, número menor do que os registros de 2018, quando foram contabilizados 10.090 casos.
Hoje, a Polícia Civil do Amazonas tem duas Delegacias Especializadas em Crimes Contra a Mulher (DECCM). Uma localizada no bairro Parque Dez, zona centro-sul de Manaus, e o anexo, localizado no bairro Cidade de Deus, zona norte.
A titular da DECCM do Parque Dez, delegada Débora Mafra, explicou que, apesar do crescimento nos números de casos de violência doméstica, essa é uma informação considerada positiva dentro do contexto da Segurança Pública. Ela lembrou a importância da denúncia para enfrentar a mazela da violência contra a mulher e punir os agressores.
“Esse aumento é sempre positivo porque é a prova de que mais denúncias estão sendo feitas. Nós não podemos entrar na casa do cidadão para saber se está tudo bem, então é preciso denunciar. Nos três casos de feminicídios que já registramos esse ano, as vítimas nunca tinham feito nenhum Boletim de Ocorrência”, contextualiza.
Mafra ressaltou que as denúncias podem ser feitas pessoalmente na sede da especializada e pelos telefones 190, da Polícia Militar, e 181, da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Informação – A delegada destacou que a informação e as crescentes abordagens sobre o tema têm sido fatores importantes no aumento desses números de registros de ocorrências. Ela lembra que as mulheres que sofrem violência doméstica quase nunca denunciam no primeiro episódio, até terem coragem de romper com esse ciclo de agressões físicas e verbais.
“A maioria dessas mulheres vive anos segurando essa violência, até que decidem romper com isso e reescrever a sua história com autonomia, liberdade e coragem”, frisou.
Segundo Débora Mafra, as pessoas também passaram a acreditar na Lei Maria da Penha, no trabalho da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Justiça, além de se sentirem encorajadas ao ver que outras mulheres conseguiram sair dessa situação e que com elas pode acontecer o mesmo.
Ela orienta, ainda, que ao primeiro sinal de violência, seja física ou psicológica, a mulher deve dar um basta, para que a situação não chegue a casos mais extremos, como o feminicídio. As mulheres vítimas de violência doméstica podem buscar amparo na rede de proteção, que envolve Polícias Civis e Militar, Defensoria Pública da Mulher, Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejusc), casas abrigos, entre outros órgãos.