UMBERTO CALDERARO FILHO – UM JORNALISTA REVOLUCIONÁRIO! (PRIMEIRA PARTE)

Gaitano Antonaccio *

Umberto Calderaro Filho nasceu em Manaus, no dia 27 de março de 1927 e morreu no dia 16 de junho de 1995, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo, vítima de uma complicação pós-operatória. Era filho de Umberto Calderaro e de dona Maria, sendo seu pai, um italiano de Nápoles, que veio colaborar nas obras de acabamento do Teatro Amazonas, cuja especialidade era trabalhar com gesso, sendo especialista em elaboração de esculturas. Calderaro Filho começou seus estudos no Colégio Dom Bosco e em seguida passou a estudar Direito, para atender um pedido de sua mãe, mas, no último ano do curso, quando já estava com o nome gravado no próprio convite de formatura, abandonou a Faculdade passando a dedicar a vida inteira ao mundo das comunicações, sua paixão profissional.

Sem se importar com as dificuldades a trilhar, tropeçando algumas vezes, exerceu funções de mensageiro, operário, foca, vendedor, redator, revisor, responsável pela circulação do jornal, até chegar ao cargo de chefe do serviço de pessoal, editorialista e repórter e quando completou vinte anos de vida, em 1947 publicou seu primeiro trabalho jornalístico.
Casou com a professora Ritta de Cássia de Araújo, mulher combativa que somava ao seu estilo revolucionário, pois além de professora de Desenho, era assistente social, com grande desempenho em Manaus. Ritta e Calderaro geraram a única filha Teresa Cristina de Calderaro Corrêa, que honrando as tradições dos pais, quando foi chamada a assumir as rédeas da então Rede Calderaro de Comunicações mostrou a mesma garra e dedicação, mantendo o mesmo tirocínio dos pais. Do seu talento fez nascer a Editora Calderaro, criando as rádios A Crítica e Tarumã, sem deixar de trabalhar em comunicação desde suas primeiras incursões na empresa.

Saliente-se, que o jornal A Crítica foi criado numa conjuntura histórica em que o mundo sofria as consequências da Segunda Guerra Mundial, pois sua fundação ocorreu no dia 19 de abril de 1949, sob a iniciativa do jornalista Umberto Calderaro Filho, quatro anos após o final da Guerra. Naquela época Manaus se encontrava em pleno declínio do fastígio da goma elástica que tanto contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da Região Amazônica, e lamentavelmente, havia um cenário incerto para qualquer atividade. As empresas exportadoras da borracha produzida no Amazonas, estavam abandonando a Região, e a Economia do Estado entrava em situação de falência, gerando crises sociais e econômicas em todos os segmentos.

Historicamente, o panorama das comunicações na década de 40, no Amazonas, não permitia qualquer sintoma de otimismo, embora circulassem em Manaus, vários jornais, matutinos e vespertinos, entre os quais lutavam bravamente, o Jornal do Commercio, fundado desde 1904, O Jornal, o Diário da Tarde o e A Tarde, os quais ocupavam todos os espaços dos noticiários da época. Daí se definir como um desafio, a fundação de um jornal como A Crítica, numa parceria de Umberto Calderaro Filho e sua dinâmica esposa Ritta de Araújo Calderaro. As instalações da entidade ficaram agasalhadas em um prédio da Arquidiocese de Manaus, transferindo-se em seguida para a rua Lobo D’Almada, onde a sede permaneceu como ponto de encontro de autoridades civis, militares, políticas, sociais e intelectualizadas.

Exatamente, porque já existiam naquela época jornais conhecidos na cidade de Manaus, e eram bastante procurados, o fundador de A Crítica, estrategicamente, fazia o seu jornal circular diariamente às onze horas da manhã, para poder enfrentar os grandes jornais, circulando antes dos concorrentes vespertinos. Assim, ele alcançava um outro grupo de leitores. Criando sua marca, o jornal trazia na página inicial, um relógio marando 11:00 horas, ao lado da logomarca criada por Ritta Calderaro. Por causa desse horário de circulação, o jornal ficou conhecido algum tempo como onzeorino. Mas esse nome foi abandonado, quando o jornal passou a ser matutino.

*Conselheiro da Fundação Panamazônia, membro das Academias de Letras, Ciências e Artes do Amazonas; de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas; Brasileira de Ciências Contábeis; de Letras do Brasil; de Letras e Culturas da Amazônia – ALCAMA; correspondente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, idem do Instituto Geográfico e Histórico do Espírito Santos e outras. (AGUARDEM A PARTE FINAL).