2 em cada 5 crianças vulneráveis estão em creches

Duas em cada cinco crianças em situação de vulnerabilidade no Brasil estão matriculadas em creches, o que equivale a 43% do total de 4,5 milhões de crianças com idade de 0 a 3 anos. Esses dados revelam a grande desigualdade no acesso à educação infantil para grupos prioritários, especialmente para aqueles em situação de pobreza, em famílias monoparentais ou com cuidadores economicamente ativos. De acordo com a pesquisa do Índice de Necessidade de Creche, cerca de 2,6 milhões de crianças ainda estão fora da educação infantil no país.

Desigualdade no acesso à educação infantil

A pesquisa destaca que, entre as crianças em situação de pobreza, mais de 70% não frequentam a creche. Isso representa aproximadamente 930 mil crianças, o que evidencia a falta de acesso a uma educação infantil essencial para o desenvolvimento precoce. No caso de crianças cujos cuidadores são economicamente ativos, cerca de 1,2 milhão de crianças, ou 48,9%, não têm matrícula nas creches.

As desigualdades variam conforme a região, com alguns estados e capitais apresentando um cenário mais crítico. Em Roraima, por exemplo, 95,4% das crianças em situação de pobreza estão fora da creche. Já em São Paulo, o percentual de atendimento é de 54,7%, com 120 mil crianças frequentando unidades de educação infantil.

Motivos para a falta de matrícula nas creches

A falta de acesso a creches é atribuída a diversos fatores. A maioria dos responsáveis, cerca de 56%, opta por não matricular os filhos em creches, muitas vezes devido à preferência por cuidar das crianças em casa ou pelo desconhecimento da importância da educação infantil. No entanto, também existem barreiras estruturais, como a falta de vagas e unidades educacionais nas comunidades.

Em algumas regiões, a escassez de creches e a distância dos centros urbanos tornam o acesso à educação infantil ainda mais difícil. Além disso, mais de 9% das crianças não são matriculadas por falta de vagas, o que reflete a necessidade urgente de ampliação da oferta de educação infantil no Brasil.

A urgência de expandir o acesso à educação infantil

O estudo alerta para a necessidade de políticas públicas mais eficazes para garantir que todas as crianças, especialmente as mais vulneráveis, tenham acesso a creches de qualidade. A educação infantil é fundamental para o desenvolvimento humano, especialmente na primeira infância, quando se estabelecem as conexões cerebrais mais importantes. Portanto, oferecer acesso a uma educação infantil de qualidade é essencial não apenas para o cuidado, mas também para o aprendizado e desenvolvimento das crianças.

O desafio de expandir a oferta de vagas exige um planejamento adequado e a colaboração entre os governos federal, estadual e municipal. Para isso, é fundamental a criação de novas unidades de ensino ou parcerias com o setor privado e organizações sem fins lucrativos, visando atender a demanda crescente por vagas em creches.

Foto: Angelo Miguel/MEC