1.000 dias que mudaram a vida de famílias que viviam a incerteza de não ter um teto seguro

O sonho da casa própria já é realidade para centenas de famílias da capital amazonense contempladas com a moradia popular do residencial multifamiliar Cidadão Manauara 2, etapa B, localizado no bairro Santa Etelvina, zona Norte. Ao todo, 500 apartamentos foram entregues em agosto de 2021, por meio do programa habitacional da Prefeitura de Manaus, em parceria com o governo federal, marcando os 1.000 dias de gestão do prefeito David Almeida.

Viúvo na pandemia, com três filhas para criar sozinho, desempregado e sem moradia, Antônio Carlos de Souza, 37 anos, é uma dessas famílias que tiveram o sonho realizado. Antes, estava com o peso de dias duros da vida, de tristeza. Como sempre acreditou em dias melhores, ele hoje é morador de um apartamento do Cidadão Manauara, etapa B.

Atualmente, ele está empregado em uma empresa de poços artesianos, está feliz por ter moradia própria, pagar suas contas e cuidar das filhas de 17 anos, 15 anos e da caçula, com 5.

“Foi a realização de um sonho. Perdi a mãe das minhas filhas e fiquei com uma responsabilidade muito grande, sozinho. Mas minha vida melhorou 100% com o apartamento, porque hoje pago por algo que é meu e será das minhas filhas”, disse o morador do bloco 4 do Manauara.

Ele, que sempre morou de aluguel, se vê como um homem de sorte, apesar de tudo o que passou e sofreu, com as adversidades e o luto, após perder a esposa na pandemia, depois de 14 anos de casamento.

“Somos só gratidão. Foi um presente de Deus. Sempre informaram que estava num processo, que dependia ainda do sorteio, e fomos sorteados”, disse Antônio. “Meu agradecimento especial ao prefeito David Almeida, que Deus possa abençoar grandemente a ele e a todos que nos deram apoio até aqui”, disse.

Para o prefeito de Manaus, David Almeida, entregar moradias dignas à população mostra respeito com o dinheiro público e o resgate da cidadania dessas famílias. “Essa obra traz dignidade às pessoas. Quando você consegue, como cidadão que mora em situação adversa, uma moradia de qualidade como essa, você traz a essa família a dignidade esquecida durante décadas. Somos muito gratos por realizar esse sonho para centenas de pessoas em Manaus”.

O então vice-presidente de Habitação e Assuntos Fundiários, Renato Queiroz, atual diretor executivo do Fundo Manaus Solidária (FMS), destacou que esse projeto é a realização do sonho de muitas famílias. “Realizamos o sonho da casa própria para pessoas que ganharam um novo capítulo em suas vidas. E poder contribuir para este processo, é fruto do trabalho da gestão David Almeida, respeitando quem mais necessita de atendimento”, completou.

Sonho realizado

Natural de Novo Aripuanã, Jane de Oliveira Melo, 35, é a feliz proprietária de um apartamento no bloco 23, onde mora com as gêmeas, Ana Julia e Ana Clara, de 18 anos, e o caçula, de 12 anos. Jane se mudou para Manaus em 2016 para buscar melhores condições de tratamento para as gêmeas, que foram diagnosticadas com lúpus.

Ela mora num imóvel adaptado e fez sua mudança em setembro de 2021, vivendo naquele tempo as emoções de realizar um sonho e a felicidade de ter alta das filhas do hospital, sendo que uma delas estava numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Passados 1.000 dias, o tratamento das Anas segue diário, constante, com mudanças na mobilidade delas, uma está na cadeira de rodas e outra anda com auxílio de muleta. “Foi uma coisa inexplicável e mudou muita coisa na minha vida, que está mais tranquila. Meu caçula está no sexto ano e eu cuido integralmente da Ana Júlia e da Ana Clara. Nunca fiquei tão feliz na minha vida, como quando vi meu nome sorteado. Agradeço por toda a ajuda da Prefeitura de Manaus, ao prefeito David Almeida, que Deus iluminou na hora certa. E que ele possa fazer ainda muito mais por mais pessoas que necessitam”, disse Jane.

A família não tem parentes na capital e sempre morou de aluguel. Antes de receber o apartamento adaptado, morava no Fazendinha, bairro Cidade de Deus. As adolescentes têm lúpus eritematoso sistêmico, uma doença autoimune, sem cura, mas com tratamento e medicação para aliviar os sintomas.

Nascida em Manacapuru, Joicequele da Silva Lima, 33 anos, hoje vê sua filha Maria Clara, de 4 anos, brincando feliz e tem um suspiro de alívio do que viveu até ser uma das sorteadas para um apartamento no conjunto Manauara, no bloco 4. Sua família é do interior e ela foi criada na capital pelos avós maternos. Mas é no apartamento que conseguiu sua redenção, tem seu canto, como diz, e se dedica exclusivamente à pequena, que tem diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA).

“A melhor coisa que tem na vida é a gente ter nossa casa própria. Eu não tinha minha casa, eu tenho uma filha pequena e a melhor coisa do mundo que aconteceu na minha vida foi eu ter sido sorteada para esse apartamento. Agradeço a Deus todos os dias, porque é um lar muito bom e eu sou muito grata. Meu lugar, meu espaço”, conta a dona de casa, que divide o imóvel com uma irmã.

Antes, ela sempre morou de favor ou alugado. “Hoje a Maria tem o espaço dela para brincar, para crescer saudável. Minha vida mudou para melhor. Não tenho palavras para descrever o que sinto até hoje, além de muita gratidão. E meu sonho é dar um futuro bom para minha filha, minha prioridade”.

Da rua para um imóvel próprio

Vindo para Manaus aos 17 anos, sem conhecer ninguém, tendo saído de Manacapuru, Raimunda Ires Campos Carvalho, 60, é proprietária de um apartamento no Manauara, no bloco 11. Foi um longo caminho desde que a adolescente chegou na capital e precisou dormir na rua até a mulher adulta que é feliz, hoje, na sua própria casa, orgulhosa do que conquistou.

“Morei alugado e de favor por vários anos. Antes de ser beneficiada, morava no Alvorada 2, também alugado. Fiquei muito tempo sozinha. Vivi na rua quando cheguei a Manaus, porque não tinha onde ficar. Arrumei um marido, mas ele me maltratava. Me separei e hoje tenho uma outra vida”, disse Raimunda.

Mãe de 5 filhos, ela mora sozinha no conjunto, mas eventualmente recebe visitas das netas que viviam com ela, de 12 e 14 anos. “Fiz meu cadastro por volta de 2007. Recebi visita dos assistentes sociais, participei da seleção, mas ainda havia o sorteio e fiquei até desanimada, porque nunca achei que tivesse sorte. Mas quando vi meu nome, fiquei doida, saí gritando no meio da rua. Ninguém entendeu nada, mas eu era só felicidade. Sou feliz”.

Raimunda afirma que mudou muita coisa na sua trajetória nesses 1.000 dias: “Não pago mais aluguel, tenho o meu canto e sou muito agradecida”. Hoje, sua maior dificuldade é com a saúde, enfrentando um problema grave na coluna. “Quando me mudei para este lugar maravilhoso, antes de entrar, me ajoelhei na porta de tanta felicidade”.

Há mais de 40 anos vivendo em Manaus, o mineiro Gestal Augusto, 62 anos, viu sua vida desmoronar como um castelo de areia num dos piores momentos da humanidade, enfrentando a pandemia da Covid-19. A empresa onde trabalhava faliu, não pagou funcionários, ele ficou sem emprego, precisou largar a faculdade, perdeu a casa e quase foi morar na rua. “Digo que eu saí do inferno e fui para o céu”, comentou o auxiliar administrativo e ex-universitário de Pedagogia.

Hoje, morador de um apartamento no bloco 5, da etapa B do Manauara, ele apostou todas as suas fichas na resiliência, no foco e na fé de que ía sair do fundo do poço. “Morava na Cachoeirinha, numa casa grande, mas a empresa faliu e fui morar de favor numa quitinete, numa invasão. Tinha um cadastro feito e foram 12 anos de espera. Mas também busquei ajuda, fiz a atualização, mesmo estando no meio do caos da pandemia. Mesmo divorciado, sem emprego fixo, passei na seleção e quando vi meu nome sorteado, eu desabei. Vivia num lugar cheio de ratos, sem energia. Eu não tinha nada em Manaus”, lembra Gestal.

O auxiliar não esquece o atendimento que recebeu da equipe da Prefeitura de Manaus, dos técnicos aos assistentes sociais, de gente que não o conhecia e que teve sensibilidade e tratamento humano com sua história. “Eu não tinha recursos para fazer nem minha mudança, mas a prefeitura fez para quem não podia pagar um frete. Sempre fui um homem de fé e acreditei. Contrariando as possibilidades, fui abençoado entre milhares de pessoas. Na época da pandemia, após ser demitido, emagreci 15 quilos, mas mantive o foco e fui resiliente. Foi minha prova de fogo. Fui no inferno, mas eu não cumprimentei ninguém lá”.

Hoje, ele trabalha como freelancer para uma agência de comunicação e a palavra que usaria para definir a distância do passado é gratidão. Ele recorda que ainda enfrentou, na mesma época, um processo por crime cibernético, pelo uso do seu CPF por terceiros. Ele quase foi preso, mas como havia feito boletim de ocorrência e a investigação foi feita, descobriram que era uma quadrilha que praticava os crimes.

“Encontrei pessoas humanas na gestão, sensíveis, empáticas. Sou muito grato pela administração municipal. Acredito na mão divina, no ser supremo e o Senhor ouviu minhas preces, quando estava de joelhos, em lágrima”, comenta Gestal.

Morando no quinto andar, ele curte o apartamento, que acha um lugar de paz, ventilado e tranquilo, com acesso a um shopping e ao transporte público.

Conjunto

Uma das características do conjunto Manauara, etapa B, é ser pioneiro no Estado ao entregar apartamentos adaptados para Pessoas com Deficiência (PcDs). São 16 que apresentam funcionalidades que facilitam o deslocamento e a atividade dos moradores dentro dos seus imóveis.

A adaptação foi feita sob encomenda para a Prefeitura de Manaus, adequando uma realidade de milhares de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, melhorando a qualidade de vida, cuidados e segurança.

Cada apartamento tem sala de estar e jantar, dois quartos, hall, banho social adaptável, cozinha e área de serviço. Os equipamentos comunitários que compõem o conjunto incluem salão, clube social, copa/bar, banheiros, quadra poliesportiva, quadra de areia, dois playgrounds, área verde, área de preservação permanente e sistema viário, incluindo vagas de estacionamento para visitantes e moradores. O empreendimento tem sistema de esgoto sanitário final para Estação de Tratamento (ETE).

Os moradores são isentos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), como medida da gestão, por lei municipal.

Fonte: Implurb

Fotos: Clóvis Miranda e Phill Limma / Semcom